Quanto menor informação o candidato tiver, maior é a probabilidade de optar por um curso que seja a sua verdadeira preferência.
Joana Pais, professora no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG) e coordenadora do XLAB – Behavioural Research Lab, estudou de que forma o conhecimento sobre a média dos restantes candidatos afeta as opções dos estudantes no acesso ao ensino superior.
“Atualmente o problema de colocação de alunos em cursos de ensino superior público é aquilo que nós chamamos de um mercado centralizado em que num determinado momento no tempo os alunos fazem uma candidatura que é composta por uma lista ordenada de cursos de ensino superior que gostariam de frequentar. Este problema é depois resolvido centralmente pela direção-geral do ensino superior que processa esta informação para obter uma colocação final”, explica.
Segundo Joana Pais, a forma como este algoritmo está desenhado, bem como a informação que os candidatos têm no momento da candidatura, são muito importantes para determinar a qualidade dessa solução final.
Para estudar o impacto de diferentes níveis de informação na escolha final, esta equipa desenhou uma experiência em que cada participante tinha uma informação diferente sobre os restantes candidatos. Em alguns casos não tinham qualquer informação, enquanto noutros tinham acesso à média de cada candidato.
O objetivo era avaliar como esta informação afetava a forma como os participantes faziam as suas escolhas.
“Quando eles têm menos informação sobre as preferências dos restantes candidatos que estão a concorrer com eles, os participantes acabam por revelar as suas preferências de forma mais verdadeira e no final a solução que se obtém é uma solução mais eficiente no sentido em que coloca mais alunos em cursos que eles preferem, mais que é também mais justa”, revela.
Trazendo este exemplo para o mundo real. Se os candidatos não tiverem conhecimento sobre a média de acesso de cada curso, cursos que atualmente têm maior procura como é o caso de Medicina ou de Engenharia Aeroespacial, não seriam tão concorridos. Os candidatos escolheriam apenas os cursos que lhes despertariam maior interesse pessoal, garantindo assim uma maior distribuição dos estudantes por curso e universidade, e promovendo uma colocação mais eficiente, justa e equitativa.
“Neste caso a ignorância é mesmo uma bênção”, remata.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | ISEG
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