Os marranos são descendentes de judeus sefarditas portugueses e espanhóis que foram obrigados a abandonar a Lei judaica e a converterem-se ao cristianismo, contra a sua vontade, para escapar às perseguições movidas pela Inquisição.
João Avelãs Nunes, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) e investigador no Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), está a desenvolver o projeto MemoMarranos com o objetivo de caracterizar a comunidade portuguesa de descendentes de judeus sefarditas.
O projeto MemoMarranos visa rastrear e identificar documentação que permitirá caracterizar melhor os cidadãos portugueses que durante a primeira metade do século XX até aos nossos dias têm uma identidade judaica parcelar que foram forçados a perder após sobreviverem aos séculos do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição.
Esta comunidade, também conhecida como marranos, perdeu parte da sua identidade judaica, do seu próprio autoconhecimento e caracterização como judeus, e perdeu também o contacto com a diáspora judaica a nível europeu e mundial.
O objetivo deste projeto é identificar através de uma metodologia de sondagem documentação relevante para a caracterização desta comunidade.
“Vamos ver, por exemplo, jornais locais, correspondência entre Presidentes de Câmaras Municipais, governadores civis e o Ministério do Interior, documentação das forças policiais da GNR, da PSP, e mesmo a polícia política que até à segunda guerra mundial era a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE)”, conta.
Após a análise da documentação recolhida serão também identificados os descendentes das pessoas desta comunidade com o intuito de recolher entrevistas para preservar os relatos em primeira mão de quem viveu esta realidade durante o século XX, mais concretamente durante o período do Estado Novo.
Saiba mais sobre o investigador em: UC
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