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Ep. 120 Marta Vilar Rosales – Analisar objetos trazidos por migrantes para estudar como as pessoas se relacionam com os seus países de origem

May 08, 2017

ep120_interior“Trânsitos: cultura material, migrações e vida quotidiana” é o nome do projeto que ambiciona analisar a relação da população migrante com os seus países de origem e acolhimento, olhando para os objetos que viajam consigo.


Marta Vilar Rosales, investigadora auxiliar no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, está a coordenar este projeto com o objetivo de explorar as interceções entre o movimento de pessoas e objetos.

“Uma das coisas à qual estamos muito atentos é que objetos é que são usadas por quem chega e por quem sai para construir um espaço a que chame seu. Sabemos que a alimentação é muito importante. Comer coisas que cheiram e que sabem a sabores e a cheiros que nós gostamos, e que são intensos do ponto de vista sensorial e do ponto de vista da nossa memória, é muito importante, mas depois há outras coisas. Essas coisas ganham um peso patrimonial muito significativo e são muito importantes porque estruturam no fundo a pessoa que nós vamos ser enquanto migrante”, explica.

Para Marta Vilar Rosales, cada migrante tem uma forma muito própria de lidar com os objetos que fazem parte do seu passado: “Há pessoas que guardam quatro ou cinco coisas do seu passado e que cortam com o resto. Há pessoas que só não levam o passado todo porque ele é muito caro de carregar e então não o trazem, e há pessoas que reconstroem ou tentam reconstruir quase exactamente tudo aquilo que tinham na sua origem no sítio onde chegam. Há ainda pessoas que fazem tudo diferente, querem tudo novo e querem pensar tudo a partir de uma outra lógica.”

A investigadora vê nestas diferentes maneiras de encarar a migração como possíveis respostas para compreender como as pessoas se relacionam com a sua comunidade e com o Mundo à sua volta.

“Isso explica-nos muito sobre o Mundo, sobre a vida, sobre a relação das pessoas com os seus países e com as suas comunidades e também nos explica uma coisa interessante que é, talvez, a escala maior que nós estamos a tentar analisar neste projeto: Como é que o Mundo, e neste caso as cidades, se encontra organizado e hierarquizado em termos daquilo que tem para oferecer às pessoas que lá vivem”, conclui.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | ICS

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