Estudo revela que implementar uma quota de género num sistema político democrático, apenas é eficaz se esta for alta o suficiente para convencer as mulheres melhor qualificadas a concorrer. Uma quota inferior a 25% pode ser pouco eficaz a captar o interesse de eventuais candidatas.
José Tavares, professor na Nova School of Business and Economics (Nova SBE), é o autor do estudo, publicado na revista Economica.
“Há várias resistências e discriminações na sociedade e no próprio sistema político que levam a que as mulheres estejam sub-representadas entre os eleitos. Estamos numa situação a que os economistas chamam de second best, ou seja, há uma coisa má, neste caso a discriminação, e introduzindo outra distorção, que neste caso é a quota de género, de facto podemos corrigir em parte esta discriminação”, explica.
“The Good, the Bad and the Different: Can Gender Quotas Raise the Quality of Politicians?” (O Bom, o Mau e o Diferente: Podem as quotas de género aumentar a qualidade dos políticos?) é o título deste estudo que procurou analisar de que forma as quotas de género influenciam a qualidade geral dos políticos eleitos.
Segundo o autor, foi verificado que uma quota de género baixa, pode reduzir o nível geral de competência dos políticos: “O que é mais importante é que em muitas situações pode levar ao efeito contrário. E quando é que isso acontece? Quando a quota é suficientemente forte para atrair as mulheres mais capazes, mais envolvidas, mais vocacionadas para a política”, acrescenta.
E porque é que esta quota alta as atrai? José Tavares explica que ao terem uma probabilidade de eleição mais elevada, essas mulheres mais capazes e mais vocacionadas, vão ocupar lugares de homens que vão perder as eleições, e que as perdem por serem menos capazes e mais incompetentes.
“A quota de género pega num modelo simples em que temos apenas quatro tipos de pessoas homens e mulheres, divididos por nível de competência. Desta forma a quota pode conseguir aumentar o nível geral dos eleitos”, conclui.
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