O engaço de uva é um resíduo da produção de vinho que até há bem pouco tempo apenas era usado como fertilizante. Este projeto utiliza o engaço para valorizar a sua aplicação nos setores farmacêutico, cosmético e alimentar.
Ana Barros é professora auxiliar com agregação do Departamento de Química da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), investigadora e diretora do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) e trabalha na valorização de subprodutos da indústria agroalimentar em particular do setor vitivinícola.
“Dentro deste setor temos centralizado o nosso foco de ação sobre o engaço, uma vez que o engaço apesar de constituir 25% da totalidade dos subprodutos desta indústria, era até 2014 o menos caracterizado e o menos aproveitado”, explica a investigadora. Foi isto que levou o grupo a caracterizar as castas e o engaço da região do Douro e a verificar a composição química que poderá estar associada à valorização deste subproduto como potencial atividade biológica.
Atualmente Ana Barros está a avaliar o valor do engaço aplicado à indústria farmacêutica, cosmética e alimentar, mas em particular na indústria cosmética. “Esta matriz tem um potencial antioxidante muito elevado, já fizemos testes em queratinócitos da pele, já desenvolvemos testes de atividade antibacteriana com bactérias do foro gastrointestinal de pacientes do Centro Hospitalar de Vila Real e verificamos que tem uma atividade antibacteriana superior até a alguns antibióticos comerciais”, comenta.
“Pretendemos desenvolver a área da cosmética através de um creme antirrugas que possa vir a potencializar um subproduto que no fundo apesar de não ser tóxico, acumula um elevado teor de matéria orgânica que pode comprometer quer a sustentabilidade quer a competitividade do setor vitivinícola”, conclui a investigadora.
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