biologia,
90 seg

Ep. 30 Raquel Sá-Leão – Conhecer os mecanismos da colonização para combater a doença pneumocócica

January 02, 2017

ep030_interiorStreptococcus pneumoniae ou pneumococos é uma bactéria responsável por infeções em crianças e pneumonia em idosos, com uma alta taxa de mortalidade nos países em desenvolvimento. Conhecer os mecanismos por trás da colonização deste organismo em Humanos tem um papel importante para conhecer como evolui esta bactéria.​


O laboratório de Raquel Sá-Leão, investigadora no Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, da Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA), está a estudar como esta bactéria coloniza a garganta em Humanos e os mecanismos evolutivos que provocam a doença pneumocócica.

O pneumococos é uma importante causa de infeções no mundo inteiro sendo responsável por uma mortalidade muito elevada. Segundo Raquel Sá-Leão, estima-se que todos os anos 800 mil crianças com menos de cinco anos de idade morram de infeções causadas por esta bactéria. “É um número que queremos combater e que queremos baixar. Sabemos também que em adultos com mais de 65 anos de idade esta bactéria é uma causa muito importante de pneumonia e que por vezes é também fatal.”

Em países mais desenvolvidos como Portugal, esta bactéria encontra-se ligada a casos de otite média. “Sabemos que a otite é a principal causa pela qual as crianças mais jovens vão ao pediatra. É a principal causa pela toma de antibióticos e os custos associados a essa infeção e ao facto de os pais terem que ficar em casa a cuidar das crianças, geram custos económicos muito elevados”, explica.

Contudo, em situações normais o pneumococos habita a garganta de Humanos sem causar qualquer sintoma. “Se fizesse uma entrevista a um pneumococos, a esmagadora maioria dos pneumococos que vivem na Terra diriam que a única coisa que fazem é colonizar o Homem, colonizar a garganta, sem causar sintomas, e de vez em quando transmitirem-se de uma pessoa para a outra.” Raquel Sá-Leão explica que a maioria dos pneumococos são organismos comensais, vivem connosco, fazem parte da nossa flora, e não causam qualquer tipo de doença ou de sintomas significativos.

“Pensamos que a doença pneumocócica resulta de um conjunto de factores, alguns dos quais conhecemos bem, e outros menos bem, mas é quase um acidente. Não é algo intencional.”

O laboratório de Raquel Sá-Leão está interessado em estudar a colonização desta bactéria. “Porque a colonização precede a doença. Não há doença sem colonização.” Os pneumococos evolvem essencialmente por aquisição de ADN, do material genético que esteja no seu ambiente. Tem quer ser o ADN de outro pneumococos na maioria dos casos e, de acordo com a investigadora, para estudar a evolução desta bactéria, como ela evolui na presença de vacinas, ou na presença de antibióticos, é importante estudar a colonização, visto ser através deste método que o pneumococos evolui.

Saiba mais sobre a investigadora em: LinkedInResearchGate | ITQB NOVA

Scroll to top