antropologia,
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Ep. 421 Pedro Figueiredo Neto – Projeto estuda as dinâmicas de deslocamento forçado no campo de refugiados de Meheba e no reassentamento de Moatize

July 04, 2018

ep421_interiorEste estudo vai comparar o campo de refugiados de Meheba na Zâmbia, com o reassentamento de Moatize, em Tete (Moçambique), com o objetivo de analisar as dinâmicas de deslocamento forçado nestes espaços de exceção.​


Pedro Figueiredo Neto, antropólogo e investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), tem trabalhado nos últimos anos sobre campos de refugiados, estando agora a desenvolver este estudo comparativo como projeto de pós-doutoramento.

“Este é essencialmente um estudo comparativo entre um campo de refugiados e um reassentamento, um campo de refugiados na Zâmbia, o campo de refugiados de Meheba, e o reassentamento resultante da exploração das minas de carvão na zona de Moatize em Tete (Moçambique). Interessa-me saber estas dinâmicas de deslocamento forçado que acontecem por várias razões, no caso dos refugiados normalmente por questões de guerra ou por alterações climáticas, ou por catástrofes ambientais, e no caso dos reassentamentos por mega projetos de desenvolvimento que acabam inevitavelmente por deslocar estas populações que são reinstaladas em zonas que normalmente podemos considerar como espaços de exceção”, salienta.

Pedro Figueiredo Neto explica que os espaços de exceção são a materialização de um contexto, ou de um momento, em que a lei é suspensa. São espaços onde as leis vigentes nem sempre seguem as regras estabelecidas dos países onde estes espaços de encontram.

“Nos campos de refugiados a lei que se aplica não é necessariamente a lei nacional mas sim a lei humanitária, no caso dos reassentamentos muitas vezes também, não obstante de estarem dentro de países, tratam-se de zonas, ou de contextos, em que muitas vezes as pessoas não sabem que direitos têm. Zonas em que o estado é ausente e que acabam por ser até paradoxalmente as companhias ou as empresas que exploram estas minas de carvão, ou a agricultura intensiva, aquelas que têm mais preocupações sobre os habitantes dos reassentamentos”, acrescenta.

Este estudo conta com trabalho de campo realizado no campo de refugiados de Meheba, com o objetivo de observar as diferentes dinâmicas de sociabilidade e de uso do espaço, por parte das diferentes populações de refugiados que ali se encontram.

Saiba mais sobre o investigador em: Google Scholar | Academia.edu | ORCID | ICS

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