As úlceras do pé diabético são difíceis de tratar e podem inclusive levar à amputação do membro.
Ana Gomes, investigadora no Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV/Requimte) na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), está a desenvolver um hidrogel para o tratamento da úlcera do pé diabético no âmbito do projeto PEPILSKIN.
Este projeto conjuga a utilização de péptidos e de líquidos iónicos para desenvolver um produto que possa ter uma ação dual para o tratamento destas úlceras que são extremamente difíceis de cicatrizar.
Este produto terá como base um péptido já utilizado na indústria cosmética e que terá uma ação cicatrizante. Este péptido estará associado a um líquido iónico com propriedades antimicrobianas.
A molécula final resulta da conjugação destes dois blocos por um tipo de reação conhecida como química de clique, cuja descoberta foi galardoada com o Prémio Nobel da Química em 2022.
A química de clique é um processo que permite o encaixe entre dois blocos para formar uma molécula mais complexa.
Através deste processo foi possível conjugar duas moléculas distintas para no final obter um produto com uma ação dual, cicatrizante e antimicrobiana, para aplicação tópica.
Ana Gomes já conseguiu demonstrar a eficácia desta molécula in vitro.
“Conseguimos verificar que este conjugado final apresenta uma ação cicatrizante, indutora de produção de colagénio, e uma ação antimicrobiana. Vamos agora avançar com o conjugado que apresentou melhores resultados para um estudo in vivo num modelo animal diabético, onde vamos verificar se este produto tem a capacidade de promover uma cicatrização mais rápida e uma maturação maior da ferida no final do tratamento”, conta.
O projeto PEPILSKIN – Péptidos e líquidos iónicos para aplicação tópica no tratamento da úlcera do pé diabético foi um dos premiados na sétima edição do programa BIP PROOF, uma iniciativa da U.Porto Inovação.
Saiba mais sobre a investigadora em: FCUP | LAQV