Foram identificadas no genoma de morcegos sequências de DNA capazes de se mover e de alterar a expressão dos genes.
Filomena Adega, professora na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e investigadora no BioISI – Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas, está a estudar o genoma de morcegos com o objetivo de identificar os fatores que promovem a longevidade e o desenvolvimento do sistema imunitário desta espécie.
O genoma é composto por diferentes tipos de sequências, as mais conhecidas são os genes que codificam proteínas. Mas a esmagadora maioria do genoma é composto por sequências repetitivas.
Um tipo de sequência repetitiva é o mobiloma que tem a capacidade de se movimentar e de se mobilizar dentro do genoma. Na maioria dos casos estas sequências estão inativas, mas aquelas que estão ativas podem inserir-se em regiões do genoma diferentes da sua original.
Os morcegos são um bom exemplo de um animal cujo mobiloma é muito ativo. Para além de usarem ecolocalização e de serem os únicos mamíferos com a capacidade de voar, os morcegos têm duas características muito interessantes, a sua longevidade, e um sistema imunitário muito resistente.
A equipa de Filomena Adega está a estudar o genoma de morcegos e a compará-lo com o genoma humano. Até ao momento foi já possível verificar que os cromossomas dos morcegos evoluem devido a alterações provocadas por quebras no genoma causadas pelo mobiloma, e pela reorganização destas sequências.
“Nos pontos de quebra dos cromossomas temos encontrado sequências repetitivas tanto do mobiloma, como outras”, revela.
O objetivo desta investigação é estudar como as alterações nos genes provocadas pelo mobiloma contribuem para a longevidade dos morcegos e para a adaptação do seu sistema imunitário.
Esta informação poderá ser útil para o desenvolvimento de novas terapias contra doenças infecciosas, ou até mesmo para prolongar o tempo de vida dos seres humanos.
Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | UTAD