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Ep. 12 Isabel Ferreira – Em Bragança estudam-se alternativas naturais para os aditivos alimentares sintéticos

December 07, 2016

ep012_interiorA indústria agroalimentar procura uma alternativa segura e sustentável para substituir os aditivos alimentares sintéticos. Um grupo de investigação do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) está a desenvolver alternativas com base em plantas e cogumelos naturais da região.​


Isabel Ferreira, coordenadora do grupo de investigação BioChemCore do IPB, é a responsável pelo desenvolvimento destes aditivos naturais, e constou recentemente na lista dos 3000 cientistas com os artigos mais citados do mundo em 2016 da ISI Thomson Reuters.

A sua investigação centrada no setor agro-alimentar, já desenvolveu patentes através da valorização de recursos naturais para produção de corantes e conservantes naturais, utilizados como aditivos alimentares em substituição de ingredientes sintéticos. “Como fontes de conservantes temos desenvolvido algumas patentes nomeadamente com frutos de medronho. Para os corantes temos usado flores de Perpétua Roxa, e como ingredientes bioativos temos usado o Agaricus Bisporus, que é um cogumelo”, refere Isabel Ferreira.

“Existem estudos que apontam para a toxicidade de alguns aditivos sintécticos, o que leva a uma grande preocupação de os substituir por corantes e conservantes naturais. O interesse de grandes empresas, e dos consumidores, estimulou a investigação nesta área. Isto não quer dizer que todos os ingredientes naturais estejam isentos de toxicidade, no entanto é muito mais provável que assim aconteça. É importante encontrar fontes alternativas para garantir um fornecimento mais sustentável deste tipo de ingredientes e que garantam maior segurança e qualidade alimentar”, alerta.

Embora muitos aditivos naturais estejam autorizados pelas entidades de regulação alimentar, Isabel Ferreira refere que quando as empresas tentam incorporá-los nos seus produtos, estas têm alguns problemas com a sua estabilidade ao nível da estrutura molecular. “As suas propriedades cromáticas no caso dos corantes, ou as propriedades de conservação, podem ser alteradas, por isso ainda há muito a fazer no sentido de estabilizar estes ingredientes e de garantir que eles ficam eficientes durante o armazenamento, e sobretudo depois de aplicados nos produtos finais.”

Recursos da Região de Bragança são chave para a investigação

São diversas as plantas que o grupo de Isabel Ferreira usa para desenvolver os seus aditivos. “Desenvolvemos conservantes obtidos a partir de camomila, de cidreira, de manjericão, de morangueiro silvestre, e de medronho. Para os corantes usamos também mirtilos e várias flores, e na área dos cogumelos, recorremos a uma grande diversidade de espécies.” Ultimamente, a sua investigação tem estado centrada em espécies de cultivo que garantam maior sustentabilidade na produção destes ingredientes.

Alguns dos aditivos produzidos no IPB podem já ser encontrados em produtos como iogurtes, queijos, requeijão, bolachas, biscoitos e gelatina.

Para Isabel Ferreira, a valorização dos recursos da região de Bragança é um dos seus principais objetivos. “Bragança não é uma região com uma densidade industrial muito grande, mas é uma das regiões da europa com maior biodiversidade. Por isso também há muito interesse em caracterizar toda a flora e recursos micológicos da região, e nós temos contribuído para esse aspeto. O nosso objectivo é também dinamizar o setor empresarial da região. Temos-nos associado a empresas produtoras de plantas aromáticas e medicinais, de cogumelos, de queijo, e a empresas do sector da panificação que hoje utilizam os nossos ingredientes.”

Saiba mais sobre a investigadora em: LinkedInResearchGate | BioChemCore/IPB

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