Este estudo está a olhar particularmente para a presença de fármacos com propriedades neuroativas, como antidepressivos e ansiolíticos.
Vanessa Fonseca, investigadora no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), está a estudar o nível de poluição de fármacos no meio aquático, nomeadamente, em estuários e zonas costeiras.
Os fármacos são considerados poluentes emergentes porque até há muito pouco tempo não existia a capacidade técnica para os quantificar e pensava-se que a sua diluição no meio marinho seria suficiente para reduzir o seu risco para a saúde humana e para o meio ambiente.
No entanto, a partir do momento em que se desenvolveram técnicas que os permitem detetar, foi possível perceber que os fármacos estavam praticamente omnipresentes no meio aquático.
“Obviamente, isto acarreta riscos porque os fármacos são continuamente descarregados para o meio ambiente seja através do consumo humano, ou mesmo no contexto de utilização veterinária, e o tratamento de águas residuais não foi desenhado e não consegue com grande eficácia remover estes compostos, o que expõe os ecossistemas marinhos a uma exposição continuada”, explica.
Este projeto realizou uma análise de risco que identificou duas classes terapêuticas que estão presentes em maior quantidade no meio aquático, os antibióticos e os compostos neuroativos.
A deteção destas duas classes de medicamentos no ambiente, seja na água, seja em sedimentos, é muito frequente e em concentrações elevadas.
A acumulação destes fármacos nos organismos pode levar a um aumento da sua toxicidade elevando assim o risco para o consumo humano.
“Do ponto de vista dos antibióticos acresce ainda o potencial de desenvolver no meio ambiente comunidades bacterianas que têm resistência a antibióticos aumentando ainda mais o risco para a saúde humana”, reforça.
Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | Google Scholar | FCUL | MARE
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