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90 seg

Ep. 1634 Ana Lúcia Silva – Investigação estuda a interseccionalidade na violência contra as mulheres e na violência doméstica.

October 12, 2023

Este projeto realizou um inquérito junto de 500 profissionais de instituições de apoio à vítima.


Ana Lúcia Silva, investigadora no Centro de Investigação em Psicologia (CIPsi) da Universidade do Minho (UM), está a estudar a interseccionalidade na violência contra as mulheres e na violência doméstica, com o objetivo de dar voz às vítimas e aos profissionais de apoio.

Financiado pela Fundação La Caixa e coordenado por Mariana Gonçalves este projeto visa explorar como o a etnia, a orientação sexual, o género, e os contextos sociais e económicos, moldam a forma como diferentes mulheres são expostas a atos de violência.

“A investigação sobre violência tem assumido principalmente uma lente de género, assumindo homogeneidade no grupo de mulheres, sem considerar as dinâmicas resultantes da etnia, classe socioeconómica, contexto sociocultural e outras categorias de desigualdade”, conta.

A abordagem interseccional reconhece múltiplas identidades, como o género (cisgénero, transgénero), a orientação sexual, o estatuto de imigração, o nível socioeconómico, entre outros, e considera as experiências produzidas por desigualdades estruturais como racismo, homofobia, transfobia, xenofobia e pobreza.

Nesse sentido este projeto procura não só dar voz às vítimas mas também aos profissionais de apoio. Para tal foram inquiridos profissionais de apoio à vítima, que trabalham na área psicossocial, na saúde, e na justiça.

Estes profissionais deram informação sobre várias dimensões relevantes desde a qualidade de vida pessoal, à qualidade de vida profissional, da tipologia de vítimas que atendem, às dificuldades e obstáculos institucionais que enfrentam, entre outras dimensões.

Esta informação permitiu perceber o que está a acontecer com este serviço, o tipo de vítimas que encontram, assim como a diversidade de contextos com que têm de lidar no seu dia-a-dia.

“Percebemos que estes profissionais enfrentam múltiplas dificuldades e terem de lidar com diferentes contextos culturais é uma delas. As barreiras linguísticas tornam-se numa dificuldade acrescida, e depois a nível de obstáculos institucionais existe falta de formação a nível das competências culturais, e de práticas informadas pelo trauma”, revela.

No geral, os profissionais sentem que as suas instituições não possuem os recursos necessários para prestar o apoio adequado às necessidades dos diferentes grupos culturais minoritários.

Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate

Foto Ana Lúcia Silva: A Filantrópica 

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