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Ep. 18 Helena Canhão – Maior inquérito clínico já realizado em Portugal faz o retrato da saúde dos portugueses

December 15, 2016

ep018_interiorCom o apoio da Direção Geral de Saúde, participaram neste estudo 10661 portugueses, dos quais cerca de 3900 foram observados através de uma consulta médica para recolher informações sobre o estado de saúde da população nacional.​


Helena Canhão, do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC) da Nova Medical School da Universidade Nova de Lisboa, foi a responsável por este inquérito cujos dados podem hoje indicar qual a prevalência de doenças como a hipertensão, a artrite reumatóide, e outras doenças do foro cardíaco em Portugal.

Durante dois anos, entre 2011 e 2013 foram inquiridos 10661 portugueses sobre múltiplos aspectos das suas vidas, com o objectivo de caracterizar a nossa população. “A um subgrupo dessa amostra, cerca de 3900 foram observados numa consulta médica onde medimos a tensão, o peso e a altura. Colhemos sangue para ficar armazenado para depois fazermos novos estudos, e vimos de forma mais detalhada as suas doenças, as terapêuticas que faziam, a qualidade de vida e a sua capacidade de funcionar”, conta a investigadora.

Contudo, o estudo não ficou por aqui, com novos inquéritos a ter lugar entre 2014 e 2016. “Ficámos com um primeiro retrato dos portugueses. Mas quisemos saber não só o retrato, mas também o filme. Ou seja, como é que iam evoluindo ao longo do tempo. Voltámos a fazer agora entrevistas telefónicas outra vez aos mesmos portugueses entre 2014 e 2015 e depois uma nova onda de telefonemas às mesmas pessoas em 2015 e 2016. Isto dá um manancial de possíveis estudos em várias áreas. É um conjunto de dados múltiplo e variado que penso que é único na nossa população portuguesa”, afirma Helena Canhão

Saúde.Come ajuda a melhorar os hábitos alimentares dos idosos

Este estudo serviu de inspiração para o projecto Saúde.Come, desenvolvido por Helena Canhão e Rute de Sousa, também investigadora no CEDOC. Este projeto procura alertar a população portuguesa para os perigos da insegurança alimentar.

A insegurança alimentar é a perceção de não se estar a comer de forma adequada e saudável. Segundo Helena Canhão, “isso pode ser devido a não haver dinheiro em casa para comprar comida saudável mas também pelas pessoas terem dificuldades motoras para preparar os alimentos, má acuidade visual, por não conseguirem ir às compras, ou por estarem isolados”.

“Todas essas limitações são mais marcadas nos idosos o que faz com que a insegurança alimentar seja grande neles”, refere a investigadora que promoveu um programa televisivo de três meses para tentar modificar os hábitos dos portugueses. Com o nome Saúde.Come, este programa apresenta dicas de nutricionistas sobre alimentação saudável, receitas, e programas de exercício físico apresentados por professores de educação física. Estes exercícios são adequados à idade do espectador, sem grande esforço físico, e usando materiais que os idosos têm em casa.

Este programa pode ser acedido em um canal específico de um operador de televisão por cabo, onde, no fim do programa, o espectador pode responder a questões, com perguntas para confirmar se fez o exercício, ou se aprendeu as receitas e as práticas sugeridas pelos nutricionistas.

“Com este programa nós fizemos uma avaliação inicial do peso, da marcha, do equilíbrio e do colesterol dos participantes. Três meses após usarmos esse programa voltámos a fazer uma nova avaliação por nutricionista, médico, enfermeiro e fisioterapeuta, e estamos agora a analisar todos esses dados para tentar perceber se o programa é eficaz, e se for eficaz, se vale a pena disseminá-lo em larga a escala a todos os portugueses.”

Saiba mais sobre a investigadora em: LinkedInResearchGate | CEDOC

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