Este projeto está a medir os níveis de gentrificação, de insegurança residencial e de mudança socioeconómica nos bairros da Área Metropolitana do Porto.
Ana Isabel Ribeiro, investigadora no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e professora na Faculdade de Medicina da mesma universidade (FMUP), está a estudar os efeitos da gentrificação na saúde da população do Porto no âmbito do projeto HUG.
Este projeto teve como base a informação recolhida por parte de duas coortes populacionais desenvolvidas pelo ISPUP nas últimas décadas, a coorte EPIPorto que teve início em 1999 e que conta com cerca de 2900 participantes, e a coorte Geração XXI, uma coorte de 8647 recém-nascidos recrutados entre 2005 e 2006 nos hospitais da Área Metropolitana do Porto.
Com base nestes dados foi possível identificar uma série de transformações nos preços da habitação, e no ambiente alimentar, que afetam a saúde física e mental das populações.
Segundo Ana Isabel Ribeiro, estes efeitos são diferenciais, ou seja, quem acaba por sofrer mais estas consequências são populações com menos recursos económicos e populações idosas.
“É este grupo [os idosos] quem normalmente é forçado a sair”, acrescenta.
Foi também feito um estudo junto da população deslocada, ou seja, entre pessoas que foram forçadas a sair da cidade por incapacidade de lidar com o aumento do preço da renda ou porque o contrato de arrendamento não foi renovado.
Os participantes reportaram consequências negativas e tiveram fortes respostas emocionais, mesmo durante a própria entrevista. Manifestaram raiva, ressentimento, e uma deterioração geral do seu estado de saúde mental.
Estas pessoas viram-se forçadas a mudar para casas com pior qualidade, que apresentavam problemas de humidade e de pobreza energética, e localizadas a uma distância grande dos seus locais de trabalho.
Esta degradação da sua qualidade de vida, aliada à perda das relações com a sua comunidade de origem, apresentou consequências claras no seu estado de saúde, tanto físico, como mental.
O projeto HUG: Os efeitos na saúde da gentrificação, da relocalização e da insegurança residencial nas cidades: um estudo multi-coorte quase-experimental é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
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