A falta de renovo após a morte das árvores é a principal causa para a perda deste ecossistema.
Teresa Pinto Correia, geógrafa e professora da Universidade de Évora (UÉ) e investigadora no MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, está a estudar as causas para a perda dos ecossistemas de montado no interior e no sul do país.
O montado é um sistema que está muito adaptado às condições biofísicas do sul de Portugal, que são condições de clima mediterrâneo seco e com tendência a ficar mais seco, e de solos bastante pobres e às vezes com declives acentuados.
No entanto, tem-se vindo a verificar que o montado está em declínio e com perda de área ano após ano.
A equipa de Teresa Pinto Correia tem uma linha de investigação sobre o montado que abrange vários componentes, sendo uma delas a análise espacial do montado de uma forma fina.
Esta análise permite perceber o que está a acontecer ao montado, onde é que ele está a desaparecer e porquê, e quais as áreas que são mais vulneráveis.
Os resultados desta análise demonstraram que o montado está a sofrer uma mortalidade quase silenciosa, mas que esta mortalidade não está associada ao corte de sobreiros e de azinheiras, quer para a instalação de centrais fotovoltaicas, como para a plantação de olival.
“Essas não são as causas mais problemáticas. Elas existem, mas representam uma pequena percentagem”, acrescenta.
O grande problema de dinâmica de mortalidade ocorre no interior do próprio montado, por mortalidade da árvore devido à falta de renovo. As árvores que morrem criam clareiras e essas clareiras vão aumentando.
“Temos mapas que mostram os pontos de clareiras, e estes estão distribuídos por todo o Alentejo, Beira interior, e Serra do Algarve. Temos uma taxa de declínio de cerca de 2500 hectares”, revela.
Dos 1,2 milhões de hectares de montado neste momento já só resta um milhão. Esta é uma perda significativa que demonstra de forma clara que Portugal está a perder o montado.
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