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Ep. 26 Paula Castro – Projeto Europeu propõe a plantação de girassóis e choupos para descontaminar solos em minas desativadas

December 27, 2016

ep026_interiorO projeto SUDOE propõe recorrer a plantas associadas a microorganismos, para descontaminar de forma sustentável solos poluídos por metais pesados em explorações mineiras desativadas.​


Desenvolvido por Paula Castro, investigadora na Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica do Porto (UCP),  o projeto SUDOE resulta de uma parceria entre instituições espanholas, francesas e portuguesas, com o objetivo de usar as fitotecnologias – tecnologias que utilizam organismos vivos para descontaminar solos e recuperar os ecossistemas afetados – em solos de locais degradados no espaço do sudoeste europeu.

Segundo Paula Castro, as plantas que vão ser usadas para este efeito podem ser culturas anuais, como milho e o trigo, plantas leguminosas ou até árvores. Para a investigadora, o factor inovador deste projeto centra-se no recurso a microorganismos: “Uma abordagem inovadora é a associação com microorganismos que ajudam as plantas a crescerem em locais mais inóspitos e isso pode ter um grande impacto no sucesso da tecnologia. É uma abordagem muito sustentável e menos agressiva que as tecnologias convencionais.”

“Através do uso de vegetação vamos promover a biodiversidade e esperamos também conseguir incrementar as funcionalidades do solo, e restabelecer  o ecossistema”, explica.

O grupo de trabalho de Paula Castro vai atuar sobre a Mina da Borralha em Montalegre em articulação com o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e com a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM). “Iremos usar culturas anuais, como o girassol, e árvores, como os choupos. O cultivo de culturas não alimentares permite gerar biomassa que pode ser usada, por exemplo, para a produção de biocombustíveis.”

A investigadora salienta que este recurso permite que um solo contaminado, que não seria oportuno usar para fins alimentares, pode passar a gerar uma mais-valia económica, através da produção de biomassa.

O uso de um coberto vegetal ajuda também a evitar a dispersão de contaminantes, seja através do ar ou do solo, pois as raízes das plantas têm a capacidade de os reter e de evitar a sua propagação pelo ecossistema local.

O projeto, com a duração de dois anos e meio, obteve um investimento de 1 milhão e 300 mil euros pelo programa de cooperação territorial do espaço sudoeste europeu (INTERREG SUDOE) e tem como ambição criar benefícios ambientais, económicos e sociais gerados durante e após a implementação destas fitotecnologias, e encorajar uma maior utilização destas técnicas por empresas e proprietários, como estratégia de gestão de risco eficaz em Portugal, Espanha e França, e noutras regiões europeias.

Saiba mais sobre a investigadora em: LinkedInResearchGate | ESB-UCP

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