O cancro da mama triplo negativo é um dos tipos de cancro da mama mais severos que, como o nome indica, não consegue ser tratado através das terapias atualmente utilizadas. Esta proteína pode assim revelar-se como um possível alvo de terapia para esta doença.
Joana Paredes, investigadora no i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde e no IPATIMUP, e professora na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), está a desenvolver o seu trabalho no estudo de novos alvos terapêuticos para o cancro da mama.
“O meu trabalho tem sido essencialmente focado em cancro da mama, e num tipo específico de cancro da mama que são os cancros triplo negativos, ou seja, são cancros que até ao momento não têm uma opção terapêutica disponível, ao contrário dos outros, e por isso onde realmente é importante encontrarmos novos alvos terapêuticos”, explica.
A equipa de Joana Paredes descobriu que estes tumores expressam uma proteína chamada P-caderina que é uma molécula de adesão celular. “Inicialmente começamos por fazer ensaios de imuno-histoquímica, um ensaio que permite ver a expressão da proteína em tumores. Tínhamos uma série grande de tumores de mama onde verificámos que aqueles que expressavam esta proteína eram aqueles que tinham um prognóstico pior, e em que as pacientes tinham morrido mais cedo”, conta.
Joana Paredes decidiu então clonar esta proteína em células que não a tinham com o intuito de perceber o que a introdução desta proteína numa célula fazia. “Identificámos que esta proteína dá a capacidade invasiva das células tumorais, e que também potencia características estaminais nas células tumorais o que torna estas imortais e resistentes às terapêuticas existentes para tratamento do cancro, nomeadamente radioterapia e quimioterapia”, revela.
Esta proteína apresenta-se então como um potencial alvo terapêutico. Segundo a investigadora, estão já a decorrer ensaios clínicos criados na tentativa de desenvolver fármacos contra esta proteína e que neste momento estão em fase de recrutamento de pacientes. Os resultados destes ensaios podem revelar assim a efetividade desta proteína como alvo terapêutico para cancro da mama triplo negativo.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | i3S
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