Esta investigação está a usar o peixe-zebra para identificar fármacos que possam ser usados para reparar lesões da medula espinhal.
Leonor Saúde, investigadora do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (IMM), estuda a capacidade regenerativa do peixe-zebra com o objetivo de desenvolver terapias para o tratamento de lesões da medula espinhal.
O laboratório de Leonor Saúde dedica-se ao estudo das lesões vertebro-medulares. Estas lesões podem dar origem a paralisia parcial ou total dos membros do paciente.
“Nestas lesões há uma disrupção da medula espinhal. A medula espinhal é uma ‘autoestrada’ com várias faixas que leva a informação do cérebro até aos nossos membros. Quando esta ‘autoestrada’ é interrompida, ou seja, quando há uma lesão da medula espinhal, perdemos a capacidade de mexer os braços e de mexer as pernas. No limite podemos ficar tetraplégicos”, explica.
Embora o ser humano não seja capaz de regenerar uma lesão na medula espinhal, alguns animais, como é o caso do peixe-zebra, conseguem.
Leonor Saúde estuda o peixe-zebra como animal modelo para compreender os mecanismos moleculares e celulares que levam à regeneração da medula espinhal.
“Aquilo que fazemos no nosso laboratório é tentar entender como é que o peixe-zebra consegue regenerar a sua medula espinhal. Tentamos entender os mecanismos moleculares e celulares que levam à regeneração da medula espinhal no peixe-zebra e depois comparamos o que acontece com um organismo mamífero, que à partida não consegue regenerar a sua medula espinhal, e tentamos perceber o que é diferente”, conta.
Recentemente, Leonor Saúde desenvolveu um estudo onde foram testados diferentes tipos de fármacos com o objetivo de identificar compostos capazes de acelerar o processo de regeneração da medula espinhal.
“Numa linha de investigação completamente diferente aquilo que fizemos foi usar o peixe-zebra como uma plataforma para encontrar novos fármacos para acelerar o processo de reparação e de regeneração da medula espinhal e descobrimos vários”, revela.
Os fármacos que apresentaram melhores resultados em peixe-zebra foram novamente testados em modelos pré-clínicos de ratinho, e também eles tiveram uma resposta positiva ao tratamento.
O passo seguinte passa agora por obter mais evidências que comprovem que estes fármacos têm um efeito positivo na reparação da medula espinhal em mamíferos.
O objetivo final é selecionar os fármacos com melhor desempenho para que estes possam um dia vir a ser testados em ensaios clínicos com pacientes humanos.
Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | IMM