Este projeto juntou fadistas, professores de canto, terapeutas e pessoas comuns, com o objectivo de conhecer a voz do fado e de desenvolver uma escala de apreciação da voz cantada.
O que apreciamos na voz do Fado? Como tratar a voz de um cantor sem que este perca a sua rouquidão? Ana Paula Mendes, docente e investigadora da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal (ESS/IPS), procura responder a estas questões através do projeto da Vocologia da Voz do Fado.
“O projeto da Vocologia da Voz do Fado foi um projeto com 104 fadistas, 47 homens e 57 mulheres, cujo objectivo foi perceber acusticamente e também áudio perceptivamente como é que se caracterizava a voz do fado, ou seja, ter medidas quantitativas acústicas em hertz e dbs e também perceber se as vozes eram graves, agudas, intensas ou fracas. Como é que era a voz do fado? Se tinha brilho, se tinha timbre, como é que nós gostamos ou não gostamos da voz do fado”, explica.
Os resultados da análise aos fadistas que participaram neste projeto, permitiram concluir que a voz do fado se caracteriza por uma voz grave, rouca e com pouca projecção. A forma como o Fado é cantado, de pé e com esforço na zona da faringe faz com que a sua voz se assemelhe a uma voz patológica. Os dados deste projeto podem assim ajudar os terapeutas da fala a desenvolver tratamentos que permitam tratar um fadista sem que este perca as características que o ajudam a cantar.
Além destes dados, este projeto originou dois grandes produtos, o primeiro produto que já se encontra publicado na CreateSpace da Amazon é a Escala de Apreciação de Voz Cantada ou EAVOCZ, uma escala que quantifica e qualifica a voz cantada.
O segundo produto é o livro da Vocologia da Voz do Fado que representa o resultado total deste projecto. “Existe um capítulo de anatomia, um capítulo de fisiologia e das estratégias fisiológicas que o fadista utiliza para cantar, um capítulo a nível da acústica e da parte áudio perceptual e também lá vai estar o EAVOCZ onde nós de alguma forma publicamos os resultados acústicos e áudio perceptivos de caracterizar esta voz do fado”, descreve.
Saiba mais sobre a investigadora em: DeGóis | ESS/IPS
Créditos Imagem Banner: OFado