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Ep. 341 Catarina Frois – A vida entre grades em Portugal é sobrelotada e sem vista para a liberdade

March 14, 2018

ep341_interiorAnálise realizada a onze prisões portuguesas masculinas e femininas procurou conhecer a intimidade do dia-a-dia dos reclusos, as condições dos estabelecimentos e as medidas implementadas para os preparar para o regresso à liberdade.​


Financiada pela fundação alemã Gerda Henkel Foundation, Catarina Frois, investigadora no Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) e docente no Departamento de Antropologia do ISCTE-IUL, quis conhecer o percurso de história pessoal dos reclusos portugueses que os levaram à criminalidade e ao encarceramento.

“Quando iniciámos o projeto, o principal objetivo foi perceber como é que se vivia na prisão, conhecer melhor essa que é uma instituição fechada para o exterior, de todos os ângulos ou seja, dos autores de crime, dos guardas prisionais, dos técnicos que trabalham diretamente com os reclusos, e perceber qual era esse trabalho, e dos diretores, como responsáveis pela manutenção do estabelecimento mas também pelas políticas de reinserção social”, explica.

Sobrelotadas, violentas, com falta de pessoal e com falhas na implementação de políticas de reinserção social. Foi este o cenário que Catarina Frois encontrou na sua análise.

“O facto de visitarmos prisões no Porto, em Lisboa ou em Coimbra, em Leiria e em Odemira, permitiu vermos que existem diferenças não só em termos dos estabelecimentos prisionais diferenças em termos da forma como os reclusos vivem o seu tempo de privação de liberdade mas também diferenças importantes nas trajetórias de vida e familiares e comunitárias tanto de homens como de mulheres, e da relação do interior e do exterior da prisão”, sustenta.

“No fundo quis conhecer como se vive a experiência não só do encarceramento mas também do crime na vida das pessoas porque o crime não afeta só as vítimas, mas afeta também os autores do crime, as famílias e a comunidade”, acrescenta.

Os resultados deste estudo antropológico deu já origem a dois livros, sendo “Mulheres condenadas: histórias de dentro da prisão”, o título mais recente, editado pelas Edições Tinta-da-China em 2017.

Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | CRIA | ISCTE-IUL

Créditos Foto: Edições Tinta-da-china

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