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Ep. 364 Karina Xavier – Estudo quer usar a linguagem das bactérias para as convencer a não se tornarem virulentas

April 16, 2018

ep362_interiorNão, esta não é uma tática diplomática. Esta investigação está a estudar o mecanismo de deteção de quórum das bactérias para as convencer a permanecerem inativas. Esta técnica pode apresentar-se como uma alternativa aos antibióticos tradicionais.​


A deteção de quórum permite às bactérias saber se o número da sua espécie no organismo do hospedeiro é grande o suficiente para iniciar uma infeção eficaz. Até que este número seja atingido as bactérias permanecem inativas. Karina Xavier, coordenadora do Grupo de Sinalização em Bactérias no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), quer usar este mecanismo para manipular as bactérias, impedindo-as de se tornarem ativas.

“No nosso grupo nós estudamos a linguagem das bactérias. O que nós sabemos agora é que as bactérias tal como muitos outros organismos multicelulares são capazes de comunicar entre si trocando pequenas moléculas químicas de sinalização. Isto não é muito diferente daquilo que sabemos, por exemplo, das formigas que são capazes de trocar feromonas para atuarem em grupo e seguirem umas às outras. As bactérias também conseguem ter esse tipo de comunicação usando moléculas químicas e ter comportamentos diferentes com base nessa informação”, explica.

Este tipo de linguagem de bactérias tem o nome quorum sensing em inglês ou deteção de quorom em português. “As bactérias usam esse tipo de sinalização para saberem se estão numa comunidade de pequeno número ou se estão em grande número. Quando estão em grande número podem atuar em conjunto e ter comportamentos aquilo que nós chamamos comportamentos de grupo”, acrescenta.

Sabemos agora que se conseguirmos manipular e inibir este tipo de comunicação das bactérias podemos silenciar os comportamentos não desejáveis. É assim possível, por exemplo, inibir a capacidade de uma bactéria ser virulenta. Segundo Karina Xavier, isto pode ser uma alternativa aos antibióticos tradicionais que normalmente matam a bactéria e que, ao matar a bactéria criam uma pressão seletiva elevada para a resistência contra os antibióticos.

“Manipulando ou inibindo a deteção de quórum nas bactérias podemos evitar que estas se tornem virulentas, e que deste modo deixem de ser prejudiciais para o hospedeiro”, conclui.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | ResearchgateIGC

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