Este projeto trabalha sobre a forma como a arquitetura participa na construção de categorias de cultura como o popular, o tradicional, o erudito, e o moderno, partindo para tal da forma como se construem discursos em torno da História da Arquitetura.
Marta Prista, investigadora do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) no pólo da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH NOVA), está a desenvolver este projeto tendo como caso de estudo a arquitetura portuguesa de estilo moderno.
Numa primeira fase Marta Prista teve como base o estudo de caso português, de elementos da história da arquitetura que identificavam ou que contribuíam para a construção de uma ideia do que é o popular, do que é a tradição, do que é a modernidade.
“Numa segunda fase o trabalho desenvolveu-se para a forma como estas construções e estas categorias circulavam e eram reapropriadas por outros atores já fora do domínio da produção material ou discursiva sobre a arquitetura mas de uma forma política, por exemplo. Nas políticas de património, numa forma mais social a partir do próprio indivíduo e de como as pessoas se apropriam dos lugares, investem simbolicamente neles, experienciam-nos apenas, portanto uma coisa mais ligada ao corpo e à memória das pessoas sobre estes lugares”, explica.
Marta Prista não olha apenas para os edifícios, para o seu uso, e para quem neles habita, mas também para os agentes intermédios que contribuem para a identidade do edifício, muitas vezes ligados aos arquitetos mas de promoção da própria arquitetura que acabam por reforçar o lugar e a representação destas ideias e a forma como elas se vão reconfigurando em diferentes arenas e em diferentes espaços.
O projeto “Popular, Erudito, Moderno: Arquitetura, Cultura e Identidade” tem como objeto os Inquéritos à Arquitetura Popular (1955-1961) e o Inquérito à Arquitetura do Século XX (2003-2006).
Marta Prista pretende assim trabalhar sob a perspetiva da antropologia, através do estudo da construção de uma memória social da arquitetura nacional e de um exame às ressonâncias dos seus significados e objetos nos modos de espacialização contemporâneos. Segundo a investigadora, as repercussões dos dois inquéritos serão avaliadas nas representações do espaço inscritas na produção e construção social da arquitetura em diferentes esferas de atividade, destacando-se a habitação, o turismo e o património.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | CRIA