Os livros, as publicações e o próprio conhecimento que chegou até nós, nem sempre teve em conta o papel das mulheres e dos homens, indianos e africanos, pertencentes aos lugares colonizados por Portugal, tiveram na produção de vários tipos de conhecimento. Este estudo quer fazer essa ponte, dando voz às personagens invisíveis da História da Ciência em Portugal.
Filipa Lowndes Vicente, investigadora no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, quer recuperar as vidas e o impacto de algumas destas personagens invisíveis que produziram conhecimento durante o século XIX dentro do contexto do império colonial português.
“Interessa-me sempre muito questionar a produção de conhecimento e a forma como nós ao produzir conhecimento hoje estamos a incluir alguns e a excluir outros e que essas exclusões e inclusões não são inocentes, são muitas vezes inconscientes porque muitas vezes a tendência é para vermos aquilo que é mais visível, e aquilo que é mais visível nos arquivos tende a centrar-se na produção feita nomeadamente por homens e por homens pertencentes aos lugares de domínio colonial e portanto não àqueles que tinham menos acesso ou menos visibilidade nestes espaços de produção de conhecimento no século XIX”, explica.
Atualmente, a investigadora tem como projeto de investigação uma biografia intelectual de José Gerson da Cunha, um historiador e médico indiano que nasceu em Goa mas que passou quase toda a sua vida em Bombaim.
“Este é um homem que escrevendo quase toda a sua vida sobre da Índia colonial portuguesa desde o século XVI até ao XVIII ou até ao seu próprio presente, escreve em inglês e escreve nas publicações que são criadas na Índia colonial britânica no século XIX, e portanto ele está entre dois Mundos, ou entre múltiplos mundos e também de alguma forma é isto que o torna invisível”, conta.
Saiba mais sobre a investigadora em: ORCID | Academia.edu | ICS
Imagem banner: Wikipédia