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Ep. 454 Tânia Machado – Projeto estuda a maternidade nas famílias lésbicas portuguesas

September 20, 2018

ep454_interiorEste estudo quis conhecer as representações da maternidade e as estratégias de gestão de identidade maternal nas famílias lésbicas planeadas portuguesas.


Tânia Machado, investigadora do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS.NOVA) da Universidade do Minho (UM), entrevistou cerca de 70 famílias lésbicas portuguesas no âmbito do seu projeto de investigação de doutoramento em Sociologia financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

O projeto de Tânia Machado está dividido em duas grandes áreas, a primeira sobre as representações da maternidade nas famílias lésbicas planeadas portuguesas, ou seja, como estas mulheres se viam como mães e como lésbicas, e a segunda focada em estratégias de gestão da identidade maternal, com foco na forma como estas famílias constroem e gerem a sua identidade como mães em associação com a identidade sexual quando se movem junto dos seus diferentes grupos sociais.

A investigadora quis conhecer como esta identidade era representada junto da família, dos amigos, no trabalho e junto da sua rede de vizinhos.

“No que respeita às questões de maternidade surgiram duas grandes perspetivas acerca da maternidade, a maioritária foi uma representação da maternidade enquanto um produto biológico, isto é como algo que decorre da composição corporal biológica feminina. Depois temos uma definição de maternidade que é minoritária que é aquela que a define como um produto social ou de expectativas sociais”, descreve.

Consoante a forma como estas mulheres definem a maternidade decorrem algumas dificuldades específicas na forma como a sua identidade maternal é construída. Tânia Machado especifica que as mulheres que são definidas como mães não gestantes, que são aquelas que não experienciaram a gravidez, têm alguma dificuldade em construir uma identidade maternal e em se definir como mãe.

A investigadora refere que associada a esta definição de maternidade como um produto biológico surge a ideia de distinguir a “mãe verdadeira” como aquela que experiencia determinados eventos como a gravidez, o parto e a amamentação.

“Este enquadramento concetual da maternidade significa que depois na prática a mulher que não experienciou estes eventos vai ter dificuldade em definir-se como mãe. Ela define-se e constrói a sua identidade pela ausência de alguma coisa e não pela presença e pela experiência de determinados eventos”, conclui.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | DeGóis

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