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Ep. 1111 Thaís França – Pandemia e teletrabalho estão a contribuir para a redução do número de publicações de mulheres na academia

June 14, 2021

ep1111_interiorA pandemia veio reforçar as desigualdades entre homens e mulheres no meio académico.


Thaís França, investigadora no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) e professora no ISCTE-IUL, está a estudar as causas por trás da diminuição na publicação de artigos científicos por parte de mulheres durante o confinamento.

“Quando a pandemia começou de forma mais intensa e foram decretados os confinamentos, começou-se a perceber uma diminuição significativa na publicação de artigos científicos por parte de mulheres. Isto foi percebido tanto por editores de jornais científicos, como pelas próprias mulheres que começaram a relatar as suas experiências em blogues e no twitter, revelando que estavam impossibilidades de conseguir escrever por conta da demanda do trabalho doméstico. Isto afetou principalmente aquelas que tinham crianças em casa ou adultos dependentes”, conta.

Até ao momento foi possível perceber que em Portugal este fenómeno também se verificou, com o aumento do trabalho doméstico a impactar de forma negativa a produtividade das mulheres académicas, o que leva a crer que se trata de um fenómeno global.

No entanto, esta situação também era verificada em mulheres solteiras ou que viviam sozinhas. Isto levou Thaís França a procurar que outros obstáculos estavam a impedir que as mulheres pudessem desenvolver as suas atividades académicas como faziam anteriormente.

“Entendemos que antes da pandemia já existia um obstáculo na academia que dificultava ou que impedia o desenvolvimento da carreira das mulheres académicas”, reforça.

Através de inquéritos e de entrevistas a mulheres académicas solteiras ou que viviam sozinhas, foi possível perceber que elementos como o stress de lidar com a solidão, a saúde mental, e as próprias expetativas que as instituições impõem sobre as mulheres, foram fatores que contribuíram para uma diminuição no número de artigos publicados.

“A relação entre a saúde mental e o desenvolvimento da carreira académica é um tópico que as instituições tendem a não dar valor, e a não reconhecer”, alerta.

Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | ISCTE

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