Com mais de uma década de diálogo entre pescadores, cientistas, empresas, políticos e ambientalistas, este projeto desenvolveu uma proposta de modelo de co-gestão para a Área Marinha Professor Luís Saldanha na Arrábida.
Lia Vasconcelos, docente no Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT NOVA) e investigadora do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, está a trabalhar neste projeto há mais de dez anos.
“Antes do início do projeto houve um grande conflito porque durante muitos anos a área marinha não teve qualquer regulamento porque também não era uma área marinha. No momento em que é definida como área marinha há um regulamento que de alguma forma é definido pelos técnicos científicos e os pescadores sentem-se um pouco postos à parte porque não concordavam com algumas das regras impostas”, refere.
Foi então desenvolvido o projeto MARGov com o objetivo de mediar o conflito entre os pescadores, os políticos e os técnicos científicos.
“A nossa ideia era criar um espaço de diálogo que permita a todos chegar a soluções que sejam mais consensuais entre eles e foi assim que começámos a trabalhar, começando inicialmente por entrar em contacto com as várias entidades que tinham que estar envolvidas. Começámos todo um processo de diálogo que assentava essencialmente nos fóruns participativos e abertos em que todos podiam vir e discutir e que estavam estruturados na base daquilo a que eu chamo a agenda colectiva, isto é, não era só a agenda dos cientistas e dos técnicos, nem era só a agenda dos políticos. Era a agenda de todos os stakeholders que tinham alguma coisa a ver com esta área marinha”, explica.
O diálogo desenvolvido nestes fóruns permitiu ultrapassar parte dos conflitos e conseguiu até certa altura criar uma proposta de modelo de co-gestão para esta área marinha protegida.
Contudo, apesar do projeto já estar finalizado até esta data o modelo ainda não foi inteiramente implementado. Lia Vasconcelos, espera que num futuro próximo haja um entendimento entre as diversas entidades envolvidas para dar seguimento a este modelo, um modelo que a investigadora vê como “a linha final” do que se pretendia para este projeto.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | FCT NOVA | MARE
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