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Ep. 522 Paulo Oliveira – Foie Gras: Projeto Europeu quer descobrir a causa por trás do fígado gordo não-alcoólico

December 25, 2018

ep522_interiorEste projeto quer conhecer os fatores que levam pessoas com baixo consumo de álcool a desenvolver doenças como a cirrose ou o carcinoma hepático. ​


Paulo Oliveira, investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) e professor auxiliar no Instituto de Investigação Interdisciplinar (IIIUC) da mesma universidade, é o responsável pelo projeto europeu Foie Gras, fígado gordo em francês, que tem como objetivo perceber as causas que levam as células do fígado a parar de processar a gordura.

“A nossa sociedade tem uma alimentação cada vez mais rica em açúcares e em gorduras e tem um estilo de vida muito sedentário. Isto leva a uma acumulação de gordura no fígado. Num fígado saudável a mitocôndria das células hepáticas, a fábrica de energia da célula, queima gordura para produzir energia. No fígado gordo não-alcoólico isto não acontece”, explica.

Apesar de nos estádios iniciais desta condição o excesso de gordura ser bom para a mitocôndria, porque permite que a mesma produza mais energia no fígado, há um certo espaço temporal em que a mitocôndria começa a ficar alterada.

A partir deste momento há uma progressiva perda de capacidade das células do fígado para processar o excesso de gordura. É este momento que o projeto Foie Gras procura compreender.

“O que no início era chamado esteatose, que é a acumulação de gordura no fígado, pode passar a uma esteatohepatite onde há muita inflamação do fígado e onde o fígado perde a sua função, ou seja, da esteatohepatite até à cirrose, é um pequeno salto e nós não estamos habituados a ver cirrose em pessoas que não consomem álcool”, revela.

Chegado ao estádio da cirrose, em muitos casos o fígado tem que ser transplantado correndo o risco de evoluir para um tumor conhecido por carcinoma hepático, que é muitas vezes mortal.

Paulo Oliveira espera com este projeto encontrar novas soluções terapêuticas de tratamento e prevenção para esta doença.

“Estamos a tentar perceber o que leva a doença evoluir, porque é que a mitocôndria deixa subitamente de funcionar. Queremos perceber como é que conseguimos detetar os diferentes estádios da doença através de marcadores em circulação, por exemplo, e depois tentar desenvolver terapias quer seja através de medicamentos, quer seja através de novas intervenções nutricionais, que façam com que a mitocôndria hepática continue a funcionar durante muito mais tempo ou tentar queimar o excesso de gordura”, remata.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | CNC

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