Desactivar certas partes do cérebro de fêmeas de mosca-da-fruta faz com que estas alterem o seu comportamento sexual. Estudar estes mecanismos na mosca pode ajudar-nos a compreender melhor o funcionamento do nosso próprio cérebro.
Luísa Vasconcelos, investigadora na Fundação Champalimaud, está a estudar o comportamento de corte entre machos e fêmeas de mosca-da-fruta, e em particular as respostas da fêmea ao cortejamento do macho.
“Estudamos o processo do corte pois este é um comportamento relativamente complexo e muito essencial na vida destes animais. Da boa escolha da fêmea está dependente a continuação da espécie”, conta.
Contudo, o laboratório de Luísa Vasconcelos não está focado na descrição do cortejamento do macho à fêmea, nem no que se passa no processo de decisão, mas sim no que se passa no cérebro da fêmea durante a decisão, observando o comportamento de fêmeas com partes do cérebro que foram desactivadas.
No processo normal de corte entre machos e fêmeas da mosca-da-fruta, a fêmea começa por rejeitar os avanços do macho, diminuindo a velocidade à medida que o macho a consegue conquistar. No entanto, nas fêmeas que tiveram partes do cérebro desactivadas é possível observar o oposto: “Com estas fêmeas, quanto mais cortejamento há da parte do macho, mais elas aceleram, e conseguimos identificar a zona do cérebro que é responsável por essa resposta inadequada.”
Segundo Luísa Vasconcelos, a zona do cérebro responsável por esta alteração no comportamento era uma zona onde até hoje se pensava ser o local de selecção da resposta motora.
Esta descoberta mostra-se assim como um passo importante na contínua investigação sobre este tipo de circuitos neuronais, ajudando-nos a compreender as regras gerais de funcionamento do sistema nervoso.
Saiba mais sobre a investigadora em: Champalimaud Research