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Ep. 574 Verónica Ferreira – Estudo analisa o impacto das plantações de eucaliptos nos ribeiros de floresta

March 07, 2019

ep574_interiorAs regiões secas com menor diversidade florestal são mais suscetíveis ao impacto da plantação de eucaliptos nos ecossistemas e no volume de água dos ribeiros.


Verónica Ferreira, investigadora no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente na Universidade de Coimbra (UC), está a estudar o impacto dos eucaliptos nos ribeiros de floresta da Península Ibérica e da América do Sul.

“Nos ribeiros de floresta a sombra das árvores impede a entrada da luz solar e por isso a produção primária é muito reduzida. Por outro lado, as árvores produzem também grande quantidade de material vegetal, nomeadamente folhas que vão estar na base das cadeias alimentares aquáticas. Este é um processo que ocorre naturalmente em ribeiros de florestas mas que no entanto está muito dependente das alterações que ocorrem na zona ribeirinha”, salienta.

As folhas que caiem no solo da floresta ou na água dos ribeiros são decompostas por fungos e bactérias, cujos produtos servem de alimento para peixes e outros seres aquáticos que habitam estes ecossistemas.

Uma das alterações que maior impacto tem nas comunidades aquáticas e no processo de decomposição das folhas é a substituição de plantas nativas por outras não nativas, como é o caso das plantações de eucalipto.

“Na Península Ibérica, no centro de Portugal e no norte de Espanha, que são as nossas principais áreas de estudo, temos verificado que o efeito dos eucaliptos é realmente negativo. Os ribeiros tornam-se intermitentes, principalmente em zonas mais secas como é o centro de Portugal comparado com o norte de Espanha, e o processamento das folhas na cadeia alimentar tende também a ser afetado”, revela.

Os resultados deste estudo demonstraram, contudo, que o impacto das plantações de eucaliptos é pouco significativo em regiões húmidas ou tropicais com maior diversidade vegetal e onde os ribeiros conseguem manter um volume de água constante ao longo do ano.

“Verificámos que estes resultados não podem ser generalizados para toda a área de distribuição dos eucaliptos. Verificámos que, por exemplo, em zonas tropicais onde os climas são muito húmidos e a diversidade de folhadas nativas é muito elevada as comunidades podem estar mais adaptadas, ou serem menos sensíveis à introdução da plantação de eucalipto porque a tipologia da folha de eucalipto vai de alguma maneira ser semelhante às folhadas a que elas estão adaptadas”, explica.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | MARE

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