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Ep. 590 Paula Matos – O que os líquenes da Antártida nos podem dizer sobre as alterações climáticas?

March 29, 2019

ep590_interiorEsta investigação esteve recentemente na Antártida a observar e a recolher amostras de líquenes com o objetivo de avaliar o impacto das alterações climáticas.​


Acabada de regressar da Antártida, Paula Matos, investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (CE3C) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), espera usar as amostras recolhidas para avaliar o impacto das alterações climáticas neste continente.

Os líquenes são seres vivos complexos que constituem uma simbiose de um organismo formado por um fungo e uma alga ou cianobactéria. Existem em vários ecossistemas inclusive na Antártida, podendo ser usados como referência para determinar a evolução do clima ao longo de um determinado período de tempo.

“Os líquenes são organismos muito curiosos, funcionam tipo uma esponja. Quando os líquenes estão secos, estão inativos, quando estão molhados absorvem tudo o que existe à sua volta. Isto significa que eles respondem tanto à poluição, se houver poluentes no ar, como ao clima, se estiver húmido eles vão estar húmidos, se estiver seco eles vão estar secos”, explica.

Paula Matos usa estas características dos líquenes para sinalizar condições diferentes no ambiente.

“Neste caso na Antártida a ideia passou por usar as características das espécies que lá estão ao longo de um gradiente climático e com isso construir um indicador que nos permita sinalizar quando já estamos a ter efeitos das alterações climáticas”, revela.

Segundo a investigadora, os líquenes podem servir como importantes indicadores do impacto e evolução das alterações climáticas não apenas na Antártida, mas também a nível global.

“Por que é isto muito importante? Porque na Antártida nós já sabemos que os líquenes respondem às alterações climáticas, e também já se sabe que o clima na Antártida é altamente dinâmico, mas, mais importante que isto, nós sabemos que o que acontece lá tem respostas a nível global e então seria muito importante conseguirmos um indicador que nos permitisse ver ao nível dos ecossistemas qual é o efeito que já está a acontecer”, reforça.

Mais do que medir a temperatura ou o ritmo de degelo, é também importante perceber quais são os efeitos que isso tem no ecossistema.

Os líquenes e os musgos são a vegetação dominante na Antártida o que os apresenta como os principais indicadores para a avaliação do impacto destas alterações no ecossistema.

Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | Google Scholar | CE3C | FCUL

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