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Ep. 611 Ivo Chelo – Que efeitos pode a reprodução tardia ter na evolução de uma espécie?

April 29, 2019

ep611_interiorEsta investigação está a estudar o efeito da reprodução tardia na evolução das espécies.​


Ivo Chelo, investigador do CE3C – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), quer conhecer se a reprodução tardia vai ter impacto no envelhecimento, na longevidade e na erradicação de doenças de desenvolvimento tardio.

“Nós estamos interessados em estudar a adaptação ao envelhecimento. O que nós queremos saber é que resposta vão dar as populações quando são forçadas a reproduzirem-se mais tarde que aquilo que estão habituadas. Se conseguem lidar com isso, e de que forma conseguem sobreviver e adaptar-se”, conta.

O que se pensa é que qualquer característica que seja expressa nas populações antes da idade de reprodução tem uma consequência. Se alguém não se consegue reproduzir, alguém não vai ter filhos, logo depois da idade reprodutora, pequenas diferenças e pequenas mutações talvez não sejam muito importantes e por isso continuam a fazer parte do código genético de uma população.

“O que nós vamos estar a fazer é a forçar as populações a reproduzirem-se mais tarde e esperamos que, por causa disso, de repente, a seleção vá atuar noutro tipo de características que são expressas mais tarde”, revela.

Para estudar este comportamento, Ivo Chelo vai usar um nemátodo, C. elegans, um pequeno verme com cerca de um milímetro, que tem um ciclo de vida médio de quatro dias.

Este estudo vai forçar as populações deste nemátodo a reproduzirem-se apenas ao sexto dia com o objetivo de identificar as características genéticas que serão favorecidas pela reprodução tardia, e compará-las com aquelas que serão eliminadas por impedirem os indivíduos de se reproduzirem tão tarde.

“Uma das consequências que nós estamos à espera, que possa vir a acontecer é que, por causa desta adaptação tardia, por exemplo, venha a haver uma extensão da longevidade com consequência secundária quase”, especula.

Este estudo vai também confrontar estas populações com bactérias patogénicas. A ideia é perceber se a existência destas bactérias, conjugada com a reprodução tardia, vai favorecer a seleção de características que levem ao desenvolvimento de uma resposta imunitária forte contra esta bactéria.

“Ao estarem em confronto com uma bactéria patogénica será que de alguma forma esta adaptação ao envelhecimento vai ser redirecionada para uma melhor capacidade de resposta imune, mesmo até mais tarde?”, questiona.

Ivo Chelo vai ainda comparar estes resultados com os de um grupo de C. elegans sem bactérias patogénicas. O investigador crê que nessa situação outros mecanismos como a captação deenergia ou o desenvolvimento do próprio organismo sejam os principais fatores afetados.

“Acaba por ser uma investigação um pouco em aberto porque nós sabemos o que estamos à espera, nós sabemos de onde é que partimos, mas a verdade é que se calhar o mais interessante, como habitualmente, acaba por ser aquilo que não estamos à espera e que podemos vir a ver no futuro”, confessa.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | Google Scholar | CE3C

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