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Ep. 625 Adriano Henriques – Investigação estuda bactéria responsável por infeções gastrointestinais associadas ao uso de antibióticos

May 17, 2019

ep625_interiorEste grupo de investigação está a estudar o processo de desenvolvimento de esporos bacterianos com o intuito de desenvolver métodos capazes de os erradicar.​


Adriano Henriques, investigador e coordenador do Laboratório de Desenvolvimento Microbiano do ITQB NOVA, está a estudar a bactéria clostridium difficile, um organismo esporulante responsável por infeções gastrointestinais associadas ao uso de antibióticos.

Em condições nutricionais muito adversas, algumas bactérias iniciam um processo de diferenciação celular que resulta na produção de esporos. Os esporos são estruturas celulares metabolicamente adormecidas, capazes de resistir a condições extremas que resultariam na destruição rápida das células originais.

A bactéria clostridium difficile é capaz de infetar um ser humano através dos seus esporos. Estes têm a capacidade de permanecer no organismo durante longos períodos de tempo a aguardar pelas condições adequadas para dar início à infeção.

“Há um organismo esporulante, uma bactéria esporulante chamada clostridium difficile. No nosso laboratório estudamos um organismo modelo chamado bacillus subtilis que é aeróbio, ou seja, é capaz de viver na presença de oxigénio. Ao contrário do bacillus subtilis o clostridium difficile é um anaeróbio estrito, quando exposto a oxigénio as células morrem mas os esporos resistem. Portanto, são esporos que existem no ambiente e que infetam seres humanos e outros animais”, explica.

As experiências feitas em animais, e em ratinhos em particular, mostram que o nosso microbioma intestinal, um conjunto de bactérias que vive no nosso trato gastro intestinal, têm um efeito protetor.

É muito difícil que o esporo do clostridium difficile germine e colonize o nosso sistema gástrico na presença de uma microbioma saudável.

Contudo, o uso de antibióticos leva à redução da complexidade do microbioma, o que cria uma oportunidade para esta bactéria colonizar.

“Isto é possível porque os esporos são de facto muito resistentes e têm mecanismos para resistir e persistir dentro do corpo do hospedeiro. Nós estudamos o clostridium difficile no laboratório porque quanto mais soubermos sobre este processo de diferenciação das células e da produção do esporo, mais nós teremos capacidade de intervir neste processo”, reforça.

Conhecer como este processo de esporulação ocorre pode ser determinante para erradicar esta bactéria em pacientes infetados.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | Google Scholar | ITQB NOVA

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