A ameijoa japonesa é uma espécie invasora presente nos estuários do Tejo e do Sado, na ria de Aveiro e na ria Formosa. Este projeto quer desenvolver medidas para melhor gerir a apanha desta espécie.
Paula Chainho, investigadora do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e professora na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), desenvolve o projeto NIPOGES sobre a pesca e a comercialização da ameijoa japonesa.
Uma das tarefas que está a ser desenvolvida no âmbito do projeto NIPOGES é a colaboração direta com os pescadores com o objetivo de estimar o número de apanhadores de ameijoa japonesa em cada um dos sistemas de ria e de estuário onde esta habita.
Entre 2014 e 2015 foram realizadas observações que estimaram a presença de cerca de 1700 apanhadores de ameijoa japonesa no estuário do Tejo.
“Tendo em conta que as licenças são cerca de 200 a grande maioria destes apanhadores são ilegais e portanto queremos saber qual é o cenário atual nos vários sistemas neste momento”, reforça.
A disparidade entre o número de licenças e o número real de apanhadores leva a crer que muita da ameijoa japonesa apanhada no Tejo está a ser vendida fora do circuito comercial, ou como tento sido apanhada no Sado.
Outra das tarefas que está a ser desenvolvida no projeto NIPOGES tem a ver com o valor nutricional desta ameijoa.
“Apesar desta ser uma espécie exótica invasora chegámos à conclusão que ela não pode ser erradicada e portanto deve ser gerida como um recurso natural. Deve ser gerida para uma pesca sustentável a longo prazo e por isso queremos perceber também se há um valor edível, ou um valor do ponto de vista do sabor e nutricional diferente em sistemas diferentes”, revela.
Paula Chainho quer saber, por exemplo, se a ameijoa do estuário do Sado é mais saborosa ou mais nutritiva que a ameijoa do estuário do Tejo, e usar esses dados como forma de valorização do recurso.
Nesse sentido o projeto NIPOGES está a tentar desenvolver uma etiqueta que permita identificar a origem de um determinado lote de ameijoa japonesa.
“Também associada à valorização temos uma outra tarefa que tenta identificar elementos característicos de cada sistema e permitir avaliar qual é a origem dos espécimes capturados. O que nós vamos fazer é associar oligoelementos presentes em cada estuário ao que está acumulado nos tecidos da ameijoa e dessa forma permitir averiguar qual é a origem das ameijoas apanhadas”, explica.
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