A doença do enxerto contra o hospedeiro ocorre quando, após um transplante de medula, o próprio enxerto rejeita o paciente e ataca as suas células e órgãos.
João Lacerda, hematologista no Hospital de Santa Maria, professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e investigador no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (IMM), participa no consórcio TREGeneration com o objetivo de desenvolver métodos capazes de reduzir o impacto desta doença no paciente.
O TREGeneration é um consórcio europeu financiado no âmbito do programa Horizonte 2020 que tem como objetivo estudar uma complicação que ocorre após o transplante de medula óssea conhecida como doença do enxerto contra o hospedeiro.
“Quando fazemos um transplante de medula óssea primeiro o doente tem de aceitar o enxerto. Depois deste enxerto se implantar no doente e começar a produzir novas células na medula óssea, o próprio enxerto tem de tolerar o doente”, conta.
Em alguns casos o enxerto reconhece as células e os órgãos do próprio paciente como agentes invasores. Quando isto acontece o enxerto dá início a uma resposta imunitária contra o corpo do próprio paciente. Este processo de rejeição tem o nome de doença do enxerto contra o hospedeiro.
O consórcio TREGeneration está a desenvolver um ensaio clínico com recurso a células T reguladoras do dador. Estas células têm como função impedir que o sistema imunitário ataque as células e os órgãos do seu próprio organismo. A ideia é usar as células T reguladoras do dador, purificá-las e infundi-las no doente de forma controlada para que o enxerto de medula óssea não inicie um processo de rejeição contra o hospedeiro.
“Fizemos isto de uma forma crescente em termos de número de células e agora estamos a avaliar a eficácia numa extensão da dose mais alta”, revela.
João Lacerda espera ter resultados finais desta investigação nos próximos dois a três anos.
Saiba mais sobre o investigador em: IMM