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Ep. 782 Frederico Ferreira – Investigação desenvolve sistema que reduz em 80% o consumo de água na produção de tremoço

February 04, 2020

ep782_interiorEste projeto está a desenvolver um sistema com o objetivo de tornar a produção de tremoço mais sustentável.


Frederico Ferreira, professor no Instituto Superior Técnico (IST), está a desenvolver esta investigação em parceria com a empresa Tremoceira na Charneca da Caparica.

O tremoço é uma semente de uma planta leguminosa que, embora seja um petisco muito apreciado pelos portugueses, é tóxico se for consumido sem tratamento.

Para tornar um tremoço seguro para consumo humano é necessário gastar uma grande quantidade de água.

“Se encherem a gaveta dos vegetais do vosso frigorífico com tremoço é necessário encher o resto do frigorífico com água para torná-lo comestível”, conta.

Para diminuir o consumo de água na produção de tremoço, a equipa de Frederico Ferreira desenvolveu um sistema de nanofiltração à escala piloto que conseguiu produzir tremoço comestível e seguro com apenas 20% da água usada num processo de produção convencional.

Esta redução no consumo de água é essencial para tornar a produção de tremoço mais sustentável. Contudo, Frederico Ferreira quis ir ainda um passo mais à frente.

Numa perspetiva de economia circular, este projeto está também a olhar para o reaproveitamento de resíduos da produção de tremoço para aplicação em biogás e no desenvolvimento de novos fármacos.

Uma das formas de valorizar estes resíduos é a produção de biogás com recurso a bactérias anaeróbicas. Este biogás pode ser usado como fonte de energia para alimentar o próprio sistema de produção.

Contudo, segundo o investigador, para além de matéria orgânica estes resíduos são também ricos em alcalóides como a lepanina, uma molécula usada na produção de fármacos.

“A lepanina é um alcalóide que é tóxico mas que tem uma estrutura muito interessante para as empresas farmacêuticas porque essa estrutura é difícil de sintetizar quimicamente. Se a conseguirmos recuperar podemos usá-la para fazer medicamentos”, explica.

Até ao momento os resultados têm sido bastante positivos quer na reciclagem da água como na valorização dos resíduos. O próximo passo será o desenvolvimento de um protótipo à escala industrial para comprovar a viabilidade económica deste sistema.

Saiba mais sobre o investigador em: IST | IBB

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