Este projeto está a avaliar como as alterações climáticas estão a afetar as populações de peixe ao longo da costa portuguesa.
Francisco Leitão, investigador no Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (UAlg), está a desenvolver o projeto CLIMFISH, um projeto que visa compreender como a variabilidade ambiental afeta a qualidade e a distribuição dos recursos pesqueiros.
Neste projeto está a ser estudo o upwelling, um fenómeno natural conhecido também por afloramento ou ressurgência que consiste na subida de águas próximas do fundo do mar, muitas vezes ricas em nutrientes, para camadas de água superficiais no oceano.
“Da mesma forma que os nossos pais lavravam a terra para trazer nutrientes do solo para a superfície, no mar as correntes de fundo acabam por lavrar o fundo e, passado umas centenas de anos, essas águas do fundo afloram, vêm à superfície e trazem nutrientes”, explica.
A análise a este fenómeno revelou que o upwelling não tem uma resposta homogénea ao longo da costa portuguesa. Na região sul este fenómeno é muito residual e apresenta uma tendência para diminuir. Na região centro este fenómeno manteve-se inalterado ao longo dos últimos 15 anos, enquanto na região norte verificou-se um ligeiro aumento da intensidade do upwelling. “Isto quer dizer que há mais águas ricas a vir ao de cima”, acrescenta.
No entanto, uma água mais rica em nutrientes não corresponde necessariamente a uma maior produtividade dos ecossistemas marinhos. Existem outros fatores que podem condicionar o afloramento destas águas e disponibilizar esses nutrientes ao fitoplâncton, ao zooplâncton, aos ovos, às larvas e aos peixes.
Um desses fatores é por exemplo, a velocidade do vento norte.
O vento norte está relacionado com os afloramentos costeiros e nesta análise foi possível verificar que existe uma tendência do aumento de intensidade do vento na região norte. No entanto este aumento ainda está a ocorrer de forma reduzida.
Atualmente, o projeto CLIMFISH está a desenvolver novas observações para aumentar o volume e a qualidade dos dados disponíveis. A partir daí serão desenvolvidos modelos que vão permitir avaliar o impacto destas alterações climáticas na qualidade e na distribuição dos recursos pesqueiros.
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