Recentemente foi descoberta uma molécula que é responsável pela comunicação entre bactérias de diferentes espécies.
Rita Ventura, investigadora responsável pelo grupo de Química Bioorgânica do ITQB NOVA, está a desenvolver métodos de síntese desta molécula com o objetivo de desenvolver compostos capazes de alterar a comunicação entre bactérias.
Este projeto está a ser desenvolvido em parceria com Karina Xavier, investigadora do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e responsável pela descoberta desta molécula.
As bactérias comunicam através de um processo conhecido por quorum sensing. Neste processo estes microrganismos partilham moléculas entre si que as informam sobre o número e a espécie das diferentes bactérias presentes num meio.
Segundo Rita Ventura, desta forma as bactérias conseguem regular o comportamento de outras espécies com quem competem.
“Esta comunicação bacteriana é muito importante para o seu comportamento, pois a sua regulação pode depois traduzir-se em comportamentos bons e úteis para nós, ou em comportamentos maus que causam doenças. Se nós bloquearmos essa comunicação podemos prevenir ou tratar essa doença eficazmente”, revela.
O laboratório de Rita Ventura desenvolveu um método de síntese eficaz e reprodutível que permite produzir a molécula responsável pela comunicação das bactérias numa escala de gramas. Atualmente, este laboratório inclusive comercializa este composto para vários pontos do Mundo.
Com base nas descobertas realizadas durante a síntese desta molécula foi possível sintetizar análogos, ou seja, moléculas sintéticas, que não são diferentes da molécula natural e que, inclusive, conseguem ter uma atividade superior.
“Por exemplo, podemos usar este composto como agonista para potenciar comportamentos bons das bactérias, ou como antagonista para bloquear comportamentos maus dessas mesmas bactérias”, acrescenta.
O uso destes compostos para bloquear ou promover a comunicação entre bactérias poderá revelar-se como uma alternativa aos antibióticos. A vantagem destes compostos é que eles não causam resistência pois apenas se limitam a enganar a comunicação das bactérias.
“Não estamos a matá-las, logo, teoricamente, elas não ganhariam resistência”, reforça.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | ITQB NOVA