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Ep. 910 Mariana Gomes Pinho – Investigação desenvolve estirpes repórter para sinalizar alvos terapêuticos contra bactérias resistentes a antibióticos

July 31, 2020

ep910_interiorEstirpes repórter são bactérias alteradas para detetar e sinalizar a acção de genes essenciais para o regular funcionamento destes microrganismos.


Mariana Gomes Pinho, líder do Grupo de Biologia Celular Bacteriana no ITQB NOVA, está a desenvolver um projeto financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC, sigla em inglês), com o objetivo de usar estas estirpes repórter para sinalizar alvos terapêuticos nos genes de microrganismos que possam ser usados para tratar infeções por bactérias resistentes a antibióticos.

O grupo de Mariana Gomes Pinho estuda uma bactéria chamada Staphylococcus aureus que é conhecida pelo número elevado de infeções resistentes aos antibióticos causadas maioritariamente em ambiente hospitalar.

Este grupo está atualmente a desenvolver duas grandes linhas de investigação com base nesta bactéria. A primeira linha passa por tentar perceber a organização intracelular das bactérias com o intuito de estudar os vários processos essenciais para o regular funcionamento destes microrganismos. Desde a função das proteínas que estas produzem, como as relações que estas proteínas têm entre os mecanismos moleculares que compõem a própria bactéria.

“Estudamos vários processos essenciais nas bactérias com o objetivo de perceber não só o que é que as proteínas fazem mas também onde é que têm de estar, quando é que têm de estar e com quem é que têm de estar”, reforça.

O conhecimento obtido nesta primeira linha de investigação permitiu desenvolver o projeto atualmente financiado pelo ERC, que tem como objetivo estudar o ciclo celular bacteriano e construir estirpes repórter capazes de detetar compostos com atividade microbiana.

A ideia na construção destas estirpes repórter é que os genes bacterianos são controlados por promotores que são regiões que funcionam como um interruptor que diz ao gene se este deve estar ligado ou desligado na presença de compostos que inibam, por exemplo, a síntese da parede celular, uma estrutura essencial à bactéria.

Na presença de certos compostos há genes que se vão ligar, a ideia é então utilizar o conhecimento sobre os genes e sobre o promotor para controlar a síntese de proteínas fluorescentes que vão sinalizar quais destes genes e regiões estão ligadas na presença de um determinado composto.

Desta forma, estas estirpes vão conseguir detetar a presença de compostos com actividade microbiana que inibem processos fundamentais na célula e que em resposta ficam fluorescentes.

Assim será possível detetar quando um gene que normalmente estaria ligado, não o está. Este estudo vai permitir detetar fármacos capazes de inibir processos essenciais para o regular funcionamento da célula bacteriana.

“Estas estirpes repórter podem ser usadas em screenings de milhares de compostos de uma maneira simples para identificar aqueles que têm um mecanismo de ação específico e que portanto são potenciais moléculas que se podem vir a desenvolver para novos fármacos”, conclui.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | ITQB NOVA

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