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Ep. 912 Inês Cardoso Pereira – Grupo de investigação estuda processo bacteriano para a produção de hidrogénio

September 08, 2020

ep912_interiorEste grupo de investigação está a estudar proteínas de bactérias anaeróbias, bactérias que vivem na ausência de oxigénio, com o intuito de aplicar este conhecimento em soluções biotecnológicas.


Inês Cardoso Pereira, líder do Grupo de Metabolismo Energético Bacteriano e professora no ITQB NOVA, está atualmente a estudar como estas proteínas podem ser usadas na captura de dióxido de carbono (CO2) e na produção de hidrogénio para células de combustível.

As bactérias anaeróbias são alguns dos organismos mais antigos do nosso planeta. Ao contrário da grande maioria dos seres vivos, estas bactérias não precisam de oxigénio para respirar. Em vez disso elas respiram compostos de enxofre, como aqueles que são emitidos pelas fumarolas no fundo do oceano.

A equipa de Inês Cardoso Pereira está interessada em perceber como estas bactérias respiram estes compostos, e que processos bioquímicos estão envolvidos no metabolismo destes microrganismos.

Em particular, estas bactérias têm interesse biotecnológico, nomeadamente na produção de hidrogénio e na redução do CO2.

“Por um lado, tentamos perceber qual é o mecanismo que é utilizado, e como é que funcionam as proteínas envolvidas neste processo. Por outro, queremos tentar acoplá-las a materiais sintéticos como semicondutores ou elétrodos e fazer com que elas produzam hidrogénio ou CO2, a partir da luz ou a partir de eletricidade de uma maneira sustentável”, explica.

O hidrogénio é atualmente falado como uma alternativa de menor impacto ambiental ao uso de combustíveis fósseis em veículos automóveis. No entanto, a tecnologia que existe hoje em dia, requere que as células de combustível que funcionam a hidrogénio utilizem metais raros, como a platina, como catalisadores.

Segundo a investigadora, os sistemas biológicos conseguem produzir hidrogénio de uma maneira simples com metais banais como o ferro e o níquel, à temperatura ambiente sem grande dificuldade.

“É muito importante olhar para a maneira como os sistemas biológicos operam para tentar desenvolver novos catalisadores que consigam fazer a mesma química com metais mais abundantes, para que não seja preciso usar a platina ou outros metais nobres”, reforça.

Os microrganismos anaeróbios estudados pelo grupo de Inês Cardoso Pereira são capazes de produzir hidrogénio de forma tão ou mais eficiente como os catalisadores de platina usados nas células de combustível.

Este conhecimento poderá permitir num futuro próximo lançar as bases para o desenvolvimento de células de combustível mais baratas e mais sustentáveis.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | ITQB NOVA

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