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Ep. 931 Miguel Machuqueiro – Investigação quer desenvolver fármacos anti-tumorais mais eficientes e com menores efeitos secundários

October 05, 2020

ep931_interiorEsta investigação está a estudar o desenvolvimento de fármacos capazes de interagir de forma mais eficiente com células tumorais, sem atacar as células saudáveis do paciente.


Miguel Machuqueiro, investigador auxiliar no BioISI – Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas e docente no Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), dedica a sua investigação ao efeito da acidez nas células tumorais.

As células tumorais têm tendência a ser acídicas, no entanto, um grande número de fármacos usados atualmente em quimioterapia são fármacos de base Lewis, moléculas que são naturalmente ionizadas.

Esta ionização permite que estas moléculas sejam mais solúveis, uma característica necessária para um fármaco ser assimilado pelo nosso organismo.

No entanto, esta vantagem em termos de solubilidade torna-se numa desvantagem quando elas se aproximam de uma célula tumoral, ou quando se encontram num ambiente mais acídico.

“Estamos a falar de fármacos que foram feitos para atingir as células tumorais mas quando chegam ao lado de uma célula tumoral não conseguem entrar. Por incrível que pareça a seletividade funciona ao contrário, pois quando estas moléculas encontram uma célula normal, como esta não é tão acídica como um tumor, o fármaco consegue entrar”, explica.

Isso significa que estes fármacos têm o potencial de afetar células saudáveis, resultando em efeitos secundários nefastos para o paciente.

A equipa de Miguel Machuqueiro pretende reverter isto, transformando as moléculas destes fármacos, que têm carga positiva, em moléculas com carga negativa, conhecidas por grupos aniónicos.

Estas moléculas aniónicas interagem melhor num ambiente acídico, permitindo assim que as mesmas entrem na célula tumoral, ignorando as células saudáveis.

“Em princípio uma molécula destas vai conseguir entrar numa célula tumoral dez vezes mais do que entra numa célula normal”, refere.

Miguel Machuqueiro espera assim pegar em uma das principais desvantagens dos fármacos atualmente usados em quimioterapia, e transformá-la numa vantagem, diminuindo os efeitos secundários destes tratamentos, ao mesmo tempo que aumenta a eficácia destas moléculas na eliminação dos tumores.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | Google Scholar | FCUL

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