A amiloidose relacionada com a diálise é uma doença neurodegenerativa que afeta pessoas que fazem hemodiálise por um período superior a 10 anos.
Patrícia Faísca, professora no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e investigadora no BioISI – Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas, está a estudar os mecanismos que levam ao surgimento desta doença, com o intuito de encontrar soluções que permitam prever ou até mesmo prevenir o seu desenvolvimento.
A amiloidose relacionada com a diálise é uma doença que pertence à classe das doenças conformacionais das quais fazem parte exemplos como a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson.
Tal como estas doenças, a amiloidose relacionada com a diálise resulta de um processo de agregação de proteínas.
O grupo de Patrícia Faísca encontrou um mecanismo físico que explica porque estas proteínas agregam com mais facilidade perante um pH acídico.
Por exemplo, o pH dos ossos e das cartilagens é acídico, o que permite que a proteína se deposite nestes tecidos. No caso da amiloidose relacionada com a diálise, esta reação causa inflamação nestes tecidos, o que leva a que o seu pH baixe e se torne ainda mais acídico.
“Nós conseguimos explicar o mecanismo físico que promove um agravamento do potencial da agregação da proteína nessas condições”, reforça.
Nesta linha de investigação, a equipa de Patrícia Faísca também verificou que é possível fazer uma previsão da estrutura da proteína que permita disparar o processo de agregação.
“Essa previsão é uma previsão que os colegas laboratoriais, as pessoas que fazem experiências in vitro, também anteveem. No entanto, ainda não foi possível comprovar nessas condições, ou em condições muito próximas, a existência desta estrutura que nós conseguimos prever”, revela.
O conhecimento gerado por estes estudos pode um dia vir a servir de base ao desenvolvimento de novas terapias para a prevenção, ou até mesmo para o tratamento desta doença.
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