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Ep. 1176 Filipe Castro – A evolução dos cetáceos da terra para o mar foi acompanhada por uma perda de genes

October 18, 2021

ep1176_interiorO investigador quer perceber os mecanismos genéticos que ajudaram a transição destes animais para uma vida aquática.


Filipe Castro, professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigador no CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, está a estudar a evolução de cetáceos como as baleias e os golfinhos, com o objetivo de perceber quais os fatores genéticos que contribuíram para a sua adaptação ao meio marinho.

“Os cetáceos, as baleias e os golfinhos, são animais icónicos eles povoam a nossa imaginação. Nós gostamos de olhar para eles como símbolos da pureza dos oceanos e, do ponto de vista de quem está interessado em perceber a evolução, são exemplos essenciais de como algumas espécies evoluíram para ocupar habitats que são muito diferentes dos do seu ancestral”, conta.

A equipa de Filipe Castro está interessada em perceber do ponto de vista genético como esta transição teve lugar.

Na análise de diversas características, os investigadores verificaram que quer as baleias, quer os golfinhos, tiveram como processo de eleição na sua história evolutiva a perda de genes.

“Em muitas das características que temos estudado, quer as baleias, quer os golfinhos, tiveram como processo de eleição na sua história evolutiva nos últimos milhões de anos nos nossos oceanos, e nos nossos rios, a perda secundária de genes. Isto vê-se muito bem no conjunto de genes que estão associados a processos fisiológicos e morfológicos da pele e em muitas outras características como por exemplo a que está relacionada com os ritmos circadianos”, revela.

Para se adaptarem à vida no mar, os cetáceos perderam alguns dos genes que regulam o ritmo circadiano, pois dentro de água não é possível dormir da mesma forma que um mamífero pode dormir em terra.

“O que aconteceu nestes animais foi que o conjunto de genes que regulam e que participam no modo como se organiza o descanso e a atividade, estando permanentemente dentro de água, foram completamente modificados. Foram deitadas ao lixo, é a melhor expressão que eu encontro”, acrescenta.

Outro exemplo, tem a ver com os genes que processam a insulina. Se analisarmos um cetáceo na perspectiva de um humano, poderíamos concluir que ele sofria de diabetes. No entanto, tal não passa de uma adaptação para que estes animais possam aproveitar ao máximo os nutrientes disponíveis no meio em que vivem.

Com estes estudos Filipe Castro pretende conhecer melhor o processo evolutivo que levou à transição destes animais de um ambiente terrestre para o meio aquático.

Saiba mais sobre o investigador em: Researchgate | Google Scholar | CIIMAR | FCUP

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