Desde 2017 que a produção de mexilhão tem sido afetada pela presença de espécies invasoras que competem por alimento com o mexilhão e que impedem o seu crescimento.
Maria Ana Dionísio, investigadora no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e professora no Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), está a desenvolver o projeto ProtectInvad, uma iniciativa que tem como objetivo avaliar o impacto das espécies invasoras na produção de mexilhão na Lagoa de Albufeira.
Em 2017, os aquacultores da Lagoa de Albufeira em Sesimbra começaram a ter quebras na produção de mexilhão. O Instituto Português da Atmosfera e do Mar (IPMA) realizou testes iniciais na lagoa que revelaram a presença de duas espécies invasoras e não-nativas à região.
Estas espécies colavam-se às conchas dos mexilhões, aumentando o peso dos mesmos, o que limitava o seu crescimento e levava, por vezes, à destruição das estruturas que os suportavam.
“Estas duas espécies provocavam quebras não por causarem algum problema físico nos mexilhões mas sim por provocarem atrofia no seu crescimento e por competirem por alimento”, acrescenta.
No entanto, ao iniciar este estudo a equipa de Maria Ana Dionísio percebeu que para além destas tuas espécies existiam muitas mais, tendo sido identificadas cerca de 17 espécies invasoras e não-indígenas na Lagoa de Albufeira que poderiam provocar problemas na aquacultura do mexilhão.
Um dos principais desafios neste momento é tentar perceber como estas espécies estão a chegar à lagoa para tentar evitar que o problema aumente.
De futuro, esta equipa pretende realizar ensaios em laboratório com o intuito de desenvolver estratégias para combater quer a nível físico, quer a nível químico, estas espécies.
“Estamos também a tentar ver algumas opções ao nível da farmacêutica, da cosmética, da alimentação e da nutrição, para tentar encontrar uma aplicação direta para estas espécies, reduzindo assim o impacto económico e ambiental das mesmas”, revela.
Um dos objetivos finais deste estudo passará também por chegar a um melhor entendimento com os aquacultores e com os demais utilizadores da Lagoa de Albufeira, de forma a desenvolver um guia de boas práticas que permita colmatar a propagação e o impacto destas espécies.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate