Resultados preliminares revelam que a confiabilidade da fonte é importante para que a correção de uma informação falsa seja eficaz.
Rita Silva, investigadora no Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS) no ISCTE-IUL, está a desenvolver o projeto MISTRUST, uma iniciativa que visa encontrar soluções para travar a propagação de desinformação e de notícias falsas.
Este projeto está a avaliar como as pessoas percepcionam informação falsa e o quão eficazes as fontes de fact-checking conseguem ser na correcção dessa informação. O objetivo passa por estudar diferentes variáveis que permitam a jornalistas e profissionais de comunicação encontrar formas eficientes de corrigir a desinformação.
“Neste projeto nós estamos a testar se características da fonte, mais especificamente, se a confiabilidade que nos é transmitida sobre a fonte nos pode ajudar a fazer uma correção de informação errada que recebemos anteriormente”, revela.
Para tal, está a ser desenvolvido um estudo em que os participantes são sujeitos a informação neutra numa fase inicial, e que são depois confrontados com dados contraditórios àqueles que lhes foram transmitidos.
Por exemplo, os participantes podem ouvir que o cone de gelado foi inventado em 1924 e mais tarde ser-lhes dito que afinal, o cone de gelado foi inventado em 1936 e não em 1924.
Estudos anteriores indicam que as pessoas tendem a acreditar mais na informação que lhes foi dita originalmente e não na correcção.
“Qualquer pessoa tem muita dificuldade em aceitar a informação que contradiz o que nós ouvimos antes”, reforça.
E, de facto, os resultados preliminares deste estudo demonstram que isto é verdade.
No entanto, se a informação contraditória for transmitida por uma fonte confiável essa rejeição tende a ser menor.
“Encontramos aqui talvez uma possível variável que possa ajudar a fazer a correção de informação de temas realmente relevantes e que têm consequências para a sociedade e para as decisões que os indivíduos tomam”, conclui.
O próximo passo deste estudo passará por confrontar os participantes com temas mais relevantes do dia-a-dia, como as alterações climáticas, ou a pandemia de COVID-19, para medir o efeito da confiabilidade das fontes em temas que mexem com as crenças e com as emoções destas pessoas.
O projeto MISTRUST é financiado pela Comissão Europeia ao abrigo das ações Marie Curie.
Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | Google Scholar | ISCTE-IUL