Reconhecidas como reserva natural desde 1971, as Ilhas Selvagens são hoje um barómetro da saúde do Oceano Atlântico e um exemplo na recuperação de ecossistemas.
Emanuel Gonçalves, biólogo marinho no ISPA – Instituto Universitário e do MARE (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente), acompanhou e equipa da National Geographic que em Setembro de 2015 realizou uma expedição científica ao arquipélago com o objetivo de avaliar o estado do meio marinho.
Segundo o biólogo, as Ilhas Selvagens estavam “em grandes apuros” entre as décadas de 1950 e 70, até terem sido compradas pelo governo português e transformadas numa reserva. Desde então houve uma recuperação completa do ecossistema, através da eliminação de espécies invasoras que ali existiam. “O esforço de proteção das aves marinhas, como os cagarros, que hoje formam a maior colónia de algumas destas aves no Oceano Atlântico, assim como a proteção do meio marinho, faz com que as Ilhas Selvagens sejam hoje um exemplo do que os ecossistemas podiam ser se não houvesse impacto da atividade humana. São hoje vistas como pontos de referência. Uma espécie de barómetro da saúde dos oceanos.”
Com uma área inferior a três quilómetros quadrados, estas ilhas são casa para uma grande diversidade de espécies de grandes dimensões, como as garoupas, os meros, e os lírios. “Isto é possível de alcançar nos habitats onde nós temos um maior impacto se conseguirmos estabelecer áreas marinhas protegidas que permitam que estas espécies recuperem e que muitas delas possam repovoar inclusivamente os stocks pesqueiros dos quais as pescarias dependem”, alerta.
Na expedição realizada em conjunto com a National Geographic, Emanuel Gonçalves afirma ter chegado à conclusão que seria importante ampliar a área marinha protegida para que estas ilhas possam continuar a ser um exemplo de um ecossistema verdadeiramente selvagem no oceano. O investigador afirma ainda que no Atlântico Norte já “existem muito poucas situações onde podemos ver este tipo de ambiente em tão fantásticas condições”.
A expedição realizada pela National Geographic ocorreu no âmbito do seu programa Pristine Seas, que explora os últimos ecossistemas prístinos e selvagens dos oceanos. Esta expedição resultou na produção do documentário “Ilhas Selvagens”.
Situadas no arquipélago da Madeira, as Selvagens são constituídas por duas ilhas principais e várias ilhotas com origem vulcânica. O arquipélago é um santuário para aves, com um terreno agreste e uma área total de 273 hectares.
Saiba mais sobre o investigador em: LinkedIn | ResearchGate | ISPA
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