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Ep. 295 Aristides Ferreira – A distância hierárquica entre os trabalhadores e as chefias agrava os níveis de presentismo nas empresas portuguesas

January 09, 2018

ep295_interiorEstudo nos sectores da educação e da saúde concluiu que os profissionais destas áreas apresentam níveis elevados de incidência de burnout, e de doenças relacionadas com o stress. A cultura de presentismo adotada pelas empresas portuguesas pode estar na origem destes problemas de saúde.​


Aristides Ferreira, investigador da Business Research Unit (BRU-IUL) e docente no ISCTE-IUL, estudo o presentismo, a necessidade que um trabalhador tem em ir trabalhar mesmo quando se encontra doente, e a sua relação com os níveis de produtividade, e de incidência de doenças relacionadas com o stress, nas empresas portuguesas.

Segundo o investigador, uma das principais causas do presentismo é a distância hierárquica entre os trabalhadores e as chefias. “Num estudo que publicámos há dois anos mostrámos que o clima de presentismo surge essencialmente devido a uma baixa relação com as chefias. Essa baixa relação com as chefias promove um clima de desconfiança, ou seja, quando as pessoas não vão trabalhar é visto pelas chefias como um factor de desconfiança, as chefias não acreditam que a pessoa está efetivamente doente”, aponta.

Esta desconfiança provoca nas pessoas a necessidade de se envolverem e de mostrar que estão a trabalhar no local de trabalho. “Há uma valorização das horas extra, muitas chefias valorizam essas horas a mais de trabalho”, reforça.

Aristides Ferreira associa esta realidade aos resultados de um estudo etnográfico, no qual o investigador também participou, que consistiu de uma operação diária de observação de trabalhadores no seu ambiente trabalho oito horas por dia, cinco dias por semana. “Constatámos que as pessoas gastam cerca de 58 minutos do seu tempo em actividades não relacionadas com o trabalho. Dessas atividades, resumidamente, podemos destacar atividades como conversar, o recurso ao facebook, gastar tempo a enviar e-mails, e tratar de assuntos pessoais”, acrescenta.

Relativamente aos estudos realizados nas áreas da educação e da saúde, Aristides Ferreira concluiu que existem algumas diferenças entre os sectores público e privado dentro destas áreas. No público, os professores apresentam níveis elevados de burnout quando comparados com os seus colegas do ensino privado. Já na área da saúde, os profissionais do sector público apresentavam uma prevalência de lombalgias e doenças respiratórias, assim como doenças do foro psicológico como a ansiedade e, também, a síndrome de burnout.

Saiba mais sobre o investigador em: DeGóis | ISCTE

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