Carros autónomos e sem condutor, estão hoje a deixar as páginas dos livros de ficção científica e a tornar-se realidade. O que muda no design do interior do carro ao remover o condutor? O entretenimento e o conforto vão substituir a prioridade que hoje é dada à condução e à segurança?
Para responder a estas questões, o Laboratório de Ergonomia de Pedro Arezes, investigador na Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM) e director do programa MIT Portugal, está a desenvolver um projeto em parceria com a Bosch para reflectir sobre o que será o cockpit de um automóvel do futuro.
“Neste momento e nesta área em concreto da interface Homem/Máquina, os resultados são, como o próprio nome indica, tentar chegar a um conceito de cockpit do futuro, que inclua não só a disposição física do próprio cockpit como também a forma como a informação é transferida do carro para o seu condutor, e do condutor para o carro”, explica.
Segundo Pedro Arezes, muitas vezes pensamos que ser o próprio carro a conduzir-se simplifica as funções do cockpit, contudo isso pode representar um aumento significativo da complexidade do cockpit do próprio automóvel. “Há um conjunto de outras funções e de informação que tem de ser passada ao próprio utilizador, que pode aumentar essa complexidade, e a necessidade de intervenção do próprio condutor. Há também a questão física do que é o cockpit do carro, de como ele é exposto.”
“Todos nós estamos expostos a conceitos mais ou menos futuristas de carros em que o volante é uma coisa diferente, já não é um círculo, mas é algo como víamos em filmes de ficção científica, como um joystick, ou bancos que têm outra inclinação.” O laboratório de Pedro Arezes está focado numa perspectiva sustentada em dados que possam suportar o porquê de utilizarmos uma determinada opção, ao invés de outra. Por exemplo, “em vez de pôr o condutor deitado no carro, tentamos justificar porque estará ele deitado e quais são as razões que levam a que essa conceção física tenha esse formato.”
Este projeto ambiciona não só reflectir sobre o como o condutor vai interagir com o cockpit, mas também como este servirá os restantes passageiros. “A conceção destes sistemas todos, quer do arranjo físico, quer destes sistemas, e da forma como eles vão ser testados vão ser os nossos principais resultados, com uma preocupação maior não apenas em dar uma ideia final daquilo que é a nossa visão mais futurística do que é o cockpit de um carro mas sobretudo em dar um suporte científico a estas opções. A nossa preocupação não apenas gerar uma ideia do que será o cockpit do futuro, como sobretudo estarmos prontos para justificar essas opções do ponto de vista científico.”
Saiba mais sobre o investigador em: LinkedIn | ResearchGate | EEUM | MIT Portugal
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