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Ep. 360 Francisca Alves Cardoso – O que dizem os nossos ossos? Projeto Matérias Ósseas estuda a biologia do osso e a ética de conservação de restos mortais em coleções osteológicas

April 10, 2018

ep360_interiorCom base em material osteológico humano recolhido na escavação da Praça da Figueira entre 1999 e 2001, este projeto procura conhecer que tipo de informação os ossos nos podem dizer sobre a vida, a saúde, e o dia-a-dia das pessoas que ali foram enterradas.​


Francisca Alves Cardoso, investigadora auxiliar do Centro em Rede de Investigação em Antropologia – CRIA e coordenadora do Laboratório de Antropologia Biológica e Osteologia Humana (LABOH) ambos associados à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH NOVA), participa no projeto Matérias Ósseas também com o objetivo de colocar questões éticas de curadoria e preservação de um espólio osteológico humano.

Devemos tratar estes ossos como material arqueológico ou como material de estudo biológico? É ético manter os restos mortais destas pessoas numa coleção? Como devem as famílias serem informadas sobre isto? Deve o material arqueológico ser novamente enterrado no local onde foi descoberto?

Estas são algumas das questões que a antropóloga Francisca Alves Cardoso procura pensar no âmbito do projeto Matérias Ósseas.

“Neste momento o LABOH tem em andamento um projeto exploratório chamado Bone Matters, ou Matérias Ósseas, dividido em duas componentes. Uma elas é um estudo sobre o discurso sobre o que é estudar o material osteológico humano, a sua importância, a sua relação com a sociedade, o que ele nos traz de novo, e sobre as questões éticas de curadoria e de preservação do espólio associado. Temos também uma outra grande componente que é o estudo da biologia do osso e do ser humano”, explica.

O LABOH tem uma coleção grande que vem no contexto de escavação da Praça da Figueira em Lisboa. Entre 1999 e 2001 foram recuperados nesta escavação vários esqueletos humanos e de animais, assim como material arqueológico. Entre os esqueletos humanos foi possível encontrar material romano, medieval e material associado ao Hospital Real de Todos os Santos.

“Temos um grande número de indivíduos romanos com mais de vinte esqueletos de crianças, homens, mulheres que têm várias alterações ao nível dos ossos que nos permitem pensar sobre estes indivíduos. A forma como viveram, como morreram, as doenças que teriam. É um contexto muito amplo em termos do Matérias Ósseas”, acrescenta.

Para Francisca Alves Cardoso o Matérias Ósseas não é só um projeto sobre o osso em si mas é também um estudo que explora toda a componente social, cultural e arqueológica, com o objetivo de conhecer os diferentes significados que aquele local teve, assim como as vidas das pessoas que ali foram enterradas.

Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | CRIA

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