história da ciência,
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Ep. 497 Jaume Sastre – Estudo quer conhecer a história da interatividade em Museus de Ciência

November 20, 2018

ep497_interiorOs museus de ciência e de tecnologia oferecem-nos, hoje em dia, exposições e atividades que incentivam e promovem a interação do utilizador. Conhecer a História por trás desta evolução do museu de um espaço expositivo, para um espaço interativo, é o objetivo deste estudo.​


Jaume Sastre, investigador do Centro Interuniversitário de História da Ciência e da Tecnologia (CIUHCT) e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), está a estudar a evolução da interatividade em museus de ciência e de tecnologia desde os anos 30 até à atualidade.

“Hoje em dia, centros de ciência interativos como o Ciência Viva apresentam-se como exemplos de uma experiência museística democratizada. Afirma-se que os visitantes podem aproximar-se da ciência, perder o medo e participar ativamente. Podem ser cientistas por um dia. Podem ser eles próprios a aprender carregando botões num museu”, anuncia.

Para saber como chegámos a este ponto, Jaume Sastre estuda os inícios da interatividade nos museus dos EUA a partir de 1930. Segundo o investigador, durante a crise económica dos anos 30 as grandes companhias tecnocientíficas que tinham laboratórios industriais começaram uma agressiva campanha de relações públicas para evitar as críticas de que eram alvo. A opinião pública da altura culpava a automatização e os sistemas desenvolvidos por estas empresas, pelos milhões de pessoas que tinham perdido o emprego.

No sentido de combater esta visão negativa da tecnologia e da ciência, estas empresas contrataram psicólogos com o objetivo de desenvolver ações de propaganda para limpar a sua imagem e para transmitir uma ideia de progresso associado à evolução tecnológica e ao automatismo.

Os estudos realizados por estes psicólogos revelaram que o público era mais recetivo, e prestava mais atenção, a uma mensagem se pudesse participar de alguma maneira durante uma visita a um museu, e se pudesse interagir com o objeto exposto. Foi este o mote para o desenvolvimento de exposições interativas.

“Daí o uso massivo de dispositivos interativos com botões para carregar que desde então se têm espalhado pelo mundo todo. Percebi então que na raiz desta chamada interatividade não encontrámos este comportamento democrático, mas sim técnicas comportamentais de gerir a opinião pública”, conclui.

Saiba mais sobre o investigador em: CIUHCT

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