Este projeto teve como objetivo editar as obras completas de Pedro Nunes, matemático português do século XVI. Com esta edição foi possível descobrir algumas das influências que a sua investigação teve não apenas na ciência nacional, mas também na ciência desenvolvida pelos seus pares a nível europeu.
Henrique Leitão, investigador principal do Centro Interuniversitário da História da Ciência e da Tecnologia (CIUHCT) e professor no Departamento de História e Filosofia das Ciências da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), esteve durante 10 anos trabalhar no projeto da edição das obras de Pedro Nunes.
Realizado pela Academia das Ciências e pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) o objetivo deste projeto era produzir edições modernas e críticas daquele que, para Henrique Leitão, é o maior matemático português e, de certa maneira, também o maior cientista português.
“Houve alguns aspectos da obra de Pedro Nunes que quando comecei não suspeitava, não sabia e que tiveram algum interesse, por exemplo, Pedro Nunes tem um pequeno texto sobre a mecânica de navegar a remos, o que é que acontece quando se rema e todas as pessoas que estudam um bocadinho de física sabem que o problema do barco a remos e de remar é uma espécie de alavanca mas é um bocadinho mais complicado do que parece. Pedro Nunes escreveu um texto, muito pequeno, mas muito interessante sobre este tópico mas que quando se estuda vê-se que o texto é muitíssimo interessante e agora o que é mais importante é que teve imenso impacto europeu”, conta.
Segundo Henrique Leitão, houve muitos cientistas na europa que, durante o século XVI e mesmo durante o século XVII, usavam este texto de Pedro Nunes como referência nas suas obras.
Ao estudar a obra de Pedro Nunes foi também possível ver linhas de continuidade entre o trabalho de Pedro Nunes e o que depois outros matemáticos europeus fizeram. Henrique Leitão salienta a importância que a obra de Pedro Nunes teve na cartografia e em particular na projeção de Mercator, que teve inspiração direta em ideias de Pedro Nunes.
“Não se diminui com isto o mérito de Mercator mas fazer a filiação das ideias é interessante porque mostra que na Península Ibérica e em Portugal se produziam ideias científicas de alto nível que depois eram conhecidas na Europa”, conclui.
A edição da obra de Pedro Nunes está praticamente finalizada, restando apenas ainda a publicação de uma biografia sobre a vida de Pedro Nunes.
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